domingo, 30 de agosto de 2009

Nos amamos em silêncio

Nos amamos em silêncio;
Em silêncio para não despertar as testemunhas;
Testemunhas que dormem inocentes;
Inocentes do que acontece à sua volta;
À sua volta estamos nós;
Nós que tanto nos amamos;
Nos amamos em silêncio.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Madrugada minha

Madrugada, minha amiga
acuda-me mais uma vez!
Sairei na rua desnudo
e preciso que me escondas um segredo.

Madrugada, madrugada
seja tu a confidente
e guarda contigo
as verdades reveladas.

Madrugada, minha amiga
não permita que os meus mistérios
se revelem pelos becos.
Mesmo no breu tem gente,
e essa gente é gente perigosa.
Não me exponha aos noturnos e balbúrdios.

Madruga, madruga
és tu minha única salvação!
Protege, esconde e guarda
tudo o que a ti entoei.
Meus versos são teus madrugada,
não revela o meu segredo
aos primeiros raios de sol.

Judy, Liza & Babs


Não conheço muitas pessoas com um gosto tão eclético como o meu. Adoro a minha diversidade! Mas não foi sempre assim ... Durante muito tempo tive receio de gostar de alguns artistas. Sabe, todo mundo sempre acha que eu sendo um garoto-que-não-gosta-de-futebol-e-toca-piano-gosta-de-teatro-e-musicais sou, consequentemente, gay. Pelo menos nunca tomei isso como ofensa, pois isso não é uma coisa ruim. O chato era quando eu me interessava por alguma menina e lá ia eu mostrar que gosto é de mulher, rs. Portanto, para diminuir esses falatórios, me privei de conhecer artistas como Judy Garland, Liza Minneli e Barbra Streisand. Todas eternas divas do cinema e da música estadunidense. Retardei o máximo que pude, mas ...

A primeira que apareceu foi Judy Garland. Linda, olhar inocente, voz arrebatadora. Sua interpretação eleva as músicas. Não há como não se apaixonar por esta mulher, que cresceu aos olhos do público e se tornou eterna graças ao cinema. Seus filmes são garantia de diversão e emoção, sem sombra de dúvida. Abaixo seguem três momentos que selecionei da carreira dela: um singelo, um cômico e um maduro, mostrando várias facetas do seu talento de atriz e cantora (resumindo a grandiosidade de uma performer).

Over the Rainbow - O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939)


A Couple of Swells - Desfile de Páscoa (Easter Parade, 1948)



The Man That Got Away - Nasce Uma Estrela (A Star is Born, 1954)


Depois veio Barbra Streisand. Babs, para os íntimos, rs. Lembro-me bem de quando eu passava nas Lojas Americanas e evitava comprar o dvd do filme Alô, Dolly! (Hello, Dolly!, 1969). Quando enfim comprei me arrependi de não tê-lo feito antes! Como ela é engraçada! E que voz! Magnífica essa mulher. Ainda hoje faz shows, mas nem faz mais tantos filmes. Sua última aparição foi em Entranto Numa Fria Maior Ainda (Meet the Fockers, 2004). Ela transforma as canções em obras-primas. E ainda é uma compositora de mão cheia. Isso deixando de fora sua ousadia em, de estrela ganhadora do Oscar de melhor atriz Funny Girl e , mais tarde, de melhor canção original pela melodia de Evergreen (do filme Nasce uma Estrela de 1076), se tornar produtora e diretora premiada. De Babs poderia deixar inúmeros vídeos, mas me contentarei com poucos, rs.

People - A Garota Genial (Funny Girl, 1968)


Don't Rain on My Parade - A Garota Genial (Funny Girl, 1968)


Papa, Can You Hear Me? - Yentl (Yentl, 1983)


Evergreen - Nasce uma Estrela (A Star is Born, 1976)


Bom, Judy e Barbra são divas muito queridas do público gay. Eu diria que Barbra é até mais do que a Judy. Mas, de todas elas, é mais do que verdade que a grande rainha é Liza Minnelli. Também, né!, sendo filha da Judy ... Por isso eu relutei muito para assistir alguma coisa com ela. Era óbvio que o filme em questão seria Cabaret, de 1972. Esta película, dirigida por Bob Fosse, ganhou alguns Oscars, incluindo melhor diretor, atriz e ator coadjuvante. Logo, era de extrema importância assistir Cabaret - era, mais do que tudo, uma necessidade para a minha condição de cinéfilo e amante dos musicais. Quando enfim assisti, fui arrebatado. As perfomances de Liza neste filme são simplesmente fantásticas! A música de Kander & Ebb parece que foi feita especialmente para sair com a sua voz. A interpretação sensual e marota de Liza nos seduz, nos enlaça, nos prende e agora não há mais fuga.

Mein Herr - Cabaret (Cabaret, 1972)



Money, Money - Cabaret (Cabaret, 1972)


Cabaret - Cabaret (Cabaret, 1972)


New York, New York - New York, New York (New York, New York, 1977)


Então... em homenagem aos heterossexuais que são apaixonados por Judy Garland, Barbra Streisand, Liza Minneli, Billie Holliday, Ella Fitzgerald, Aretha Franklis, Elis Regina, Maria Bethânia, Nana Caymmi, e todas essas mulheres maravilhosas que cantam e encatam, fica um grande abraço!

E lembre-se: Life is a Cabaret, old chum! Life is a Cabaret!

P.S.: Deixo pra finalizar um vídeo da Barbra de da Judy cantando juntas no programa que a Judy tinha na TV estadunidense e mais um de mãe e filha se apresentando lado a lado!

Get Happy
/ Happy Days Are Here Again


Hello, Dolly!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu e Harry


Há pouco mais de um mês adentrei o mundo de Harry Potter. Mesmo sendo um apaixonado pelas histórias que tratam de bruxas, fadas e outros seres mágicos, não imaginei que me apaixonaria tanto pela história.
Em sete livros, a autora J. K. Rowling, nos leva calmamente a acompanhar a vida deste menino que um dia derrotou o Lord das Trevas. Livro a livro, somos levados a crescer, a amadurecer passo a passo com o bruxinho.
Seus amigos inseparáveis, seus inimigo, seus colegas de escola, seus professores e seus parentes são elementos fundamentais para sua vida e para a história, é claro. A cada aventura e aprendizado os personagens da série parecem emergir das folhas de papel e acarinhar-nos com as palavras contidas nas páginas. Aprendi a amar um ser ficcional.
Quando minha namorada, que me apresentou aos livros, escrevia em seu blog ou msn que é "viúva" de Fred Weasley eu ria e achava uma bobagem, uma exagero. Mas, hoje, sou obrigado a pagar com minha língua: me apaixonei pela jovem Luna Lovegood! Cada frase dita pela personagem é um deleite para o leitor.
Pois bem, e do que valeu ler os livros? Sinceramente, não esperava grandes reflexões. Foi grande a surpresa quando, ainda no primeiro livro, bastante infantil em relação aos três últimos, me vi chorando, e nem foi por uma momento de grande emoção na história. Depois voltei a chorar só no sexto livro com o enterro de Dumbledore, e no sétimo com o enterro de Dobby e a volta dos pais de Harry, Sirius e Lupin. Enfim, não posso negar que o livro permite muitas reflexões. Talvez por ser um livro, um objeto quase mágico (!) que sempre nos permite viajar e mesclar a saga de Harry Potter com as nossas próprias vivências. Me vi um Rony no seu humor bobo e medos infantis; me vi Hermione no seu amor pelo conhecimento e luta pelos privados de direitos; me vi um Neville na sua reclusão e carinhos com aqueles que dão valor a ele; me vi Gina na sua esperança; me vi Luna na sua ingenuidade e loucura; me vi Alvo no seu egoísmo adolescente e na sua ambição por glória; me vi Miverva no seu humor ácido e desprezo sutil; me vi Severo na sua capacidade de esconder seus sentimentos; e acho que fui Harry em cada página. Creio que a autora quis que isso acontecesse, que nós sentíssemos as dores e as alegrias dele. Crescemos com ele em cada livro.
Ainda é muito cedo para dizer mais. Creio que ler os sete livros como numa maratona não me permitiu perceber coisas ainda desconhecidas nas páginas da saga. Terei que ler novamente cada livro, me deliciar mais com as palavras e sentimentos de cada um. Inclusive de Tom Riddle, uma persona nada desprezível.
Quando eu ler mais umas 5 vezes cada livro poderei voltar e fazer jus ao meu ego, rs. E tentar pensar mais em outras possibilidades como a que - despreze meus devaneios - as Horcuxes são a passagem de Harry para a vida adulta. Ele as destrói e ao fim dessa missão se torna um homem pronto para a vida que o espera.

Ai, ai ... deixo, pra terminar, uma frase dita pelo sábio e super bem-humorado Albus Dumbledore: "Claro que está acontecendo em sua mente, Harry, mas por que isto significaria que não é real?"

Para saber mais sobre Harry, seus livros, filmes e tudo o mais que estiver a ele relacionado, clique aqui.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Porque são pedras


As pedras só são pedras porque somos homens.

Se fôssemos vidro, as pedras seriam algozes.

Se fôssemos fogo, as pedras seriam progenitores.

Se fôssemos água, as pedras seriam vítimas.

Se fôssemos rochedo, as pedras seriam lágrimas.

Se fôssemos pedras, delas seríamos irmãs.

Mas somos homens
e por isso as pedras são só pedras.

sábado, 22 de agosto de 2009

Carícias

Não são palavras que me prendem na tua boca.
Aliás, poucas são as palavras que dizes.
És uma mulher de ações, de atos.

Aja então mulher!
Faz em mim a jornada do teu prazer.
Percorra em mim os caminhos,
desbrava a mata densa,
mas cuidado com as feras que ela esconde.

Na tua jornada é bom ser cautelosa.
Sei que nada temes, mulher,
mas tome cuidado.
Confias mesmo no monstro que te protege?
Ouve bem o que digo: teu monstro pode te trair!
Ele e a fera que habita as matas estão mancomunados.

Usa das armadilhas que conheces,
usa as mesmas que usou comigo!
São eficientes, e sabes disso.
A fera da mata não tem defesas às tuas arapucas.

Assim, irá dominá-la como estou hoje eu.
Me mordeu, me arranhou, me tomou como seu.
Use as tuas armas, mas não use palavras.
Não foram elas que te fizeram mulher.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Alvos, erros e escrúpulos

O livro errara o alvo. Acertou o abajour que ele lhe dera - agora estava partido em pedaços. Era um objeto frágil. Mas não tão frágil quanto a pobre Marília. Há pouco mais de duas horas sua vida poderia ser classificada como estável, correta, e, segundo ela própria, feliz.

Marília era noiva de Eduardo. Estavam juntos há 6 anos, 11 meses e 19 dias, assim ela contava. Ela, terminando a faculdade de Serviço Social; ele, vice-presidente de uma cooperativa de vans.
Desde que noivaram, há 8 meses, que ela se via nas nuvens. Não sabia como era capaz de amá-lo cada dia mais.

Sua cunhada, Gabriela, foi quem os apresentou no aniversário de um amigo. No início eles pareciam não ter muitos assuntos em comum. Eduardo não achou isso ruim, foi o que, na verdade, fez com que ele a beijasse mais depressa, pulando a parte da "conversa sobre filmes e músicas".

A distância de interesse fez com que um tivesse mais fascínio pelo mundo do outro. E eles se tornaram um casal feliz, bem visto por todos e de futuro promissor. Só que tudo isso se ruíra. Saindo mais cedo da faculdade, Marília decidiu fazer um surpresa para Eduardo e resolveu aparecer na cooperativa. Esperava vê-lo e fazer sexo sobre a sua mesa. Ela sabia que ele adorava esse encontros adrenalíticos. Mas a surpreendida foi a pobre Marília. Ao abrir a porta da sala de Eduardo ela se deparou com algo que preferia nunca ter visto. Eduardo estava sobre Gabriela que, por sua vez, tinhas as pernas enroscadas na cintura dele. O barulho da porta e a o rosto estupefato de Marília fez com que os casal interrompesse o ato.

Marília fechou a porta e saiu correndo para a sua casa. Esperou sentada na poltrona diante sua estante de livros e esperou. Sabia que em poucos minutos Eduardo iria entrar e começar a se explicar. Ela sabia que aquela cena tinha um explicação plausível.

Uma hora e trinta e sete minutos, contados por ela, depois, ela ouviu o barulho da porta da sala. A voz de Eduardo chamava o seu nome. Ela voltou a chorar. Ele foi até a outra sala e a viu na poltrona. Ela o olhou e seus olhos imploravam que tudo não passasse de um desengano. Ele molhou os lábios, ela percebeu que ele iria falar.

- Ah, amor. Me perdoa. Foi coisa de homem ... você sabe como é.

Ela simplesmente não acreditou. Era como se uma outra pessoa estivesse falando com a voz do seu noivo, como se a imagem fosse a mesma, mas a essência de um outro alguém. Eduardo a fitou por alguns segundos e, quando ela se levantou, nunca poderia ter imaginado que Marília, cujo temperamento era igualado ao de uma brisa, pudesse emergir em tamanha fúria. Ela o xingou de nomes que ele mesmo se perguntou se já ouvira. Começou a arremessar o que estivesse ao alcance de sua mão. E gritava:

- Porquê? Porquê você fez isso comigo? E como vou contar isso ao meu irmão? - e arremessou contra ele o porta-retrato com a foto de seu aniversário de 3 anos de namoro.

Eduardo defendeu seu rosto com os braços e, mergulhado numa frieza pertubadora, caminhou até Marília e jogou-a na poltrona. Mirou os olhos bem fundos nos dela e falou:

- Se você não pode aceitar uma traiçãozinha de nada, sem sentimentos, então é mais ingênua do que pensei. Depois de tanto tempo de namoro já era pra você ter percebido que relacionamentos não são como nas novelas ou nos filmes. Me desculpe, Marília, mas eu não tenho os seus escrúpulos.

Ele deu as costas e foi andando em direção à porta. Marília pegou um livro atrás dela, na estante, e tacou em Eduardo, mas errara o alvo. Acertou em cheio o abajour que ele lhe deu quando fizeram um mês de namoro sério.

Marília errara o alvo. Caiu no chão, aos prantos - seu coração estava em padaços. Era uma mulher muito frágil. Mas não tão frágil quanto um abajour.

domingo, 16 de agosto de 2009

Atos falhos

Não é nada disso ...

Quando falei fome, quis dizer Maria.
Quando falei ontem, quis dizer bom-dia.
Quando falei esqueça, quis dizer que eu já sabia.

Quando falei agora, quis dizer saudade.
Quando falei embora, quis dizer covarde.
Quando falei fora, quis dizer unidade.

Quando falei paixão, quis dizer cebola.
Quando falei João, quis dizer papoula.
Quando falei que não, quis dizer ampola.

Quando falei aquilo tudo,
foi por falar.
Não guarde aquelas palavras.
Aquelas, deixe o vento levar.

Foi o meu inconsciente roto,
despreparado para a ocasião.
Atos falhos, meu bem, quase nada.
Atos falhos que rolaram a escada
e, com um baque, bateram em meu portão.

sábado, 15 de agosto de 2009

Ah, eu amo os musicais da Disney - Parte 01

Não é segredo para ninguém que o meu gênero preferido no cinema e no teatro é o MUSICAL. Pois bem ... acho bom lembrar de como isso tudo começou ...

Circle of Life (Elton John / Tim Rice) - O Rei Leão, 1994


O primeiro filme que assisti no cinema foi O Rei Leão (The Lion King - EUA, 1994). Logo um musical! Lembro-me como se fosse hoje: a sala estava lotada e tivemos que sentar no chão do corredor. Pronto!, o bichinho do cinema havia me picado. A beleza do desenho da Disney mais a música espetacular composta pelo Elton John!

Daí, me lembro de ir constantemente à locadora que havia perto de casa para alugar os VHS dos filmes da Disney. Assisti a todos os clássicos! Aquelas imagens serão eternas ...

As músicas são de um lirismo encantador e consquistou adultos e crianças pelo mundo inteiro. Meninos e meninas sonhavam com as aventuras

Vamos lembrar de algumas dessas cenas ?

Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and the Seven Dwarfs - EUA, 1937)


A Bela Adormecida (Sleeping Beauty - EUA, 1959)


Alice no País das Maravilhas (Alice in the Wonderland - EUA, 1951)


Mogli, o Menino Lobo (The Jungle Book - EUA, 1967)


Cinderela (Cinderella, EUA, 1950)


E, é claro, dos clássicos o meu preferido: Pinóquio (Pinocchio - EUA, 1940). A qualidade Disney se mostra presente, como o esperado, na era dourada dos seus desenhos.



Os clássicos Disney são eternos! Mas, não são só dos famosos que eu quero falar! Aguarde a segunda parte desta série de postagens sobre o mundo mágico Disney e saberemos mais sobre essas e outras canções e mais filmes como Mary Poppins, A Dama e o Vagabundo, Aristogatas, Robin Hood, e muito mais!

Someday My Prince Will Come (Larry Morey / Franklin Churchill) - Branca de Neve e os Sete Anões, 1937

Intérprete: Adriana Caselotti

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Centésima vez (no blog)


Parece que foi ontem e eu fazia a minha primeira postagem no blog. Mas, agora faço a postagem de nº 100!

Tanto tempo se passou, quase um ano inteiro, e o blog mudou muito. Mudou a cara, mudou o conteúdo, mas, acredito eu, não perdeu a essência.

Nas primeiras postagens fui fazendo do blog um diário virtual. Só que nem tudo eu iria dividir com vocês, e vi que assim o blog ficaria muito chato. Passei então a elocubrar, rs, e o primeiro destes posts foi sobre Traição. E logo o ano de 2008 acabou sem muitas postagens.

Voltei em janeiro com as promessas de ano novo, minha primeira poesia no blog. Em fevereiro, nada de mais. Mas, em março ...
Comecei com uma postagem sobre os musicais que eu adorei fazer! Fiz o meu primeiro conto: Devoluções. E postei, pela segunda vez, uma poesia no blog, por pura brincadeira, um jogo de letras (leia, na vertical, só as primeiras letras de cada verso). E, a partir daí, vieram muitas poesias.
Em abril, mais versos e mais um conto, 17h08, e declarações de amor.
Maio passou, junho foi um mês de muita música no blog e quando descobri o talento literário de uma amiga. Quem observa, percebeu que minhas poesias ganharam um novo estilo.

Agora, em agosto, sem o menor desgosto (ruim, essa, hein) comemoro com vocês, e agradeço a vocês, essas cem postagens, por que ela existe pelos leitores maravilhosos que sois, meus queridos amigos da vida e do mundo virtual!

Muito obrigado,
e que venham mais e mais 100, 200, 300, ...
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Assim como na primeira postagem, dedico esta à minha querida prima, 100 postagens depois, hoje amada namorada, que é madrinha deste blog.

sábado, 8 de agosto de 2009

Um último beijo

Não quero uma única lembrança sua.
Leve embora seus sorrisos,
leve embora seus vestidos,
seus sarcasmos, suas canções
e seus orgasmos.

Não deixe uma só lembrança, pois
quero me despir dos teus vestígios.
Varrerei da minha casa cada suspiro dado,
cada dedo marcado na mobília,
todos os beijos
e amassos trocados
nos meus corredores.
Aqui você não entra mais.
Em mim você não entra mais.

Para longe com a tua beleza,
tua voz e teus cabelos.
Não quero sinais de tua presença.
Não quero.

E, quando enfim,
tiveres me livrado de cada resquício teu,
irei entregar-me a um último beijo.
E não será seu ou de qualquer outra mulher.
Um último beijo e serei livre das tuas amarras!

Essa liberdade me valerá a alma,
agora já mais nada,
pois o valor que ela tinha
você levou com os teus anéis.

Sem medo ou pavor,
pois já era esperado
o beijo, à morte fadado:
o beijo do dementador.
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Essa poesia é o resultado da
leitura dos livros da série Harry Potter
por um medíocre poeta ...

Pra quem não sabe o que é dementador,

à Lorena, em prosa

à Lorena, minha amada, eu dedico este escrito.

Eu venho tentando escrever poemas com o teu nome. Mas, não consigo.
Posso escrever sobre flores, aves, horrores, apartamentos e bules de chá; as rimas surgem, as palavras rompem no papel.
Mas, quando tento traduzir-te em verbetes vejo que sou um poeta medíocre. Um poeta muito pequeno para a musa entoada.
Teu nome não cabe em títulos de poemas. Você não cabe em poemas. Como posso transcrever-te em versos?
Como poderia eu ousar fazer de ti rimas vãs, mas tão vãs, que não chegariam aos pés da beleza do teu olhar?
Teu corpo é demasiado belo para minguar em estrofes.
As estrofes não suportariam a ti. Arrebentariam no mero rabiscar do teu nome.
Nem meros momentos posso poemear. Nossos momentos não cabem em poesias.

Ah, meu amor! Você não cabe em rimas, em versos ou estrofes, mas cabe em mim.
Eu venho tentando escrever poemas com o teu nome. Não consigo.
Mas tenho teu nome marcado, gravado, sacramentado em meu coração.
________________________________________________________________
Sei que este texto não é digno de ser-te oferecido.
Mas, já disse Chico Buarque:
"mesmo sendo errados os poetas,
os seus versos serão bons".

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Queria que meu nome fosse Cecília

Queria que meu nome fosse Cecília
assim, quando você cantar a canção de amor
que leva o nome da outra,
é à mim que amarás com tua voz.

Sendo o meu nome Cecília
é pra mim que endereçarás as cartas de amor
escritas com tanta paixão para a tal.

Serei, enfim, a tua musa.
Cecília! E reinarei nos versos por ti entoados.
Cecília! Serei a rainha de tuas rimas.
e tu, servo em minhas estrofes.

Queria que meu nome fosse Cecília
e assim, quem sabe?,
pra mim você olha também.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Vizinho hipócrita

Como falam alto os nossos vizinhos!
É algazarra o dia inteiro.
Quebram copos,
deixam cair os talheres ...
Música sempre nas alturas.

Cada dia é mais difícil aturar esses vizinhos!
Mas, também, ora veja!,
eles não tem educação!
Gritaria, baixaria ...
Qualquer bandido ou moça vadia
iriam ficar corados de surpresa
diante do que ouço da casa ao lado.

E nem vem com essa de
"os incomodados é que se mudem"!
Daqui não saio.
Eles é que tomem outro caminho
que não o do meu condomínio.

Não vejo a hora desses vizinhos se mudarem ...
mas, antes, vou ali lhes pedir uma xícara de açúcar.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Allegro ma non troppo

Tocou o primeiro sinal.
O silêncio toma conta do local.
É hora de todos se acomodarem
pois o espetáculo já vai começar.
A cadeira de veludo recebe o espectador.

Segundo sinal.
Ouve-se o burburinho do além cortina.
A plateia inquieta.

Terceiro sinal.
O maestro ergue a batuta.
Alguns movimentos e a orquestra
faz amor com o silêncio.

A música faz amor com o silêncio.

São diversos instrumentos nesta orquestra.
Assim apuram os ouvidos dos espectadores,
nós.

O ranger dos dentes, da cama.
Os sussurros ao pé do ouvido.
Os urros abafados pelo travesseiro.
O gemido, o grito,
os músculos se contorcendo,
se enrijecendo.

A música muda de ritmo
dentro do mesmo movimento.
A orquestra infla na sua melodia.
Palavras, ordens, elogios.
Preces.
A música é sacra no seu profano.
A música é Deus,
é a revelação do divino.
A orquestra mordeu a maçã.
Mais um ritmo, novos instrumentos,
novos sons,
dentro do mesmo movimento.

A plateia assiste estarrecida.
É como se a música penetrasse as veias
dos ouvintes.
Ouvintes estes, espectadores de magnífico espetáculo.
As cores, os cheiros, a textura da orquestra e de sua música.
Outros ritmos, outros cheiros,
outros sons, outras texturas,
dentro do mesmo movimento.
2 por 2.
Será que os músicos se preocupam em tocar as notas certas?

Últimos compassos.
A música chega ao clímax e irrompe deixando saudades.
Plateia estupefata levanta
e aplaude de pé.

Os músicos ainda saboreiam a maçã.
O espectador é grato ao músico.
o músico é grato ao espectador.
O maestro já baixou a batuta.
Mas, se a plateia pede bis,
ele a levanta no ar e recomeça o espetáculo de cores,
sons, texturas e ritmos,
dentro do mesmo movimento.
Somos tão gratos aos músicos,
nós.

domingo, 2 de agosto de 2009

O espelho que há em mim

Qual a imagem refletida no espelho?
Meu reflexo mostra alguém que não sou eu.
Ou é?
Sou?

A imagem refletida no espelho mostra alguém.
Quem sou eu?
Sou a imagem refletida ou aquele que reflete?
Qual o lado direito é o direito?
O meu ou o refletido?

A imagem refletida no espelho mostra.

O reflexo revela aquilo que sempre esteve à mostra,
o que todos veem,
mas que eu não via.
O espelho fez questão de jogar a imagem de minha fronte
à minha frente.
O espelho me mostrou o que todos viam,
menos eu.
O espelho me mostrou.

Mas, pobre do espelho que nada sabe.
Dentro de mim há outro espelho
que reflete a imagem antes refletida,
revertendo o reflexo do já revelado.

O espelho dentro de mim
mostra o eu refletido de volta à mim.

O espelho dentro de mim me mostra novamente à mim,
revela mais uma vez
e volta a esconder o outro lado do lado direito.

A imagem refletida no espelho mostra alguém.
A imagem refletida no espelho dentro de mim mostra alguém
São estes o mesmo alguém?

Se Deus quiser

Se Deus quiser,
e assim me permitir,
hei de viver,
hei de plantar e
hei de colher
o que antes plantei.
Colherei o que preciso pra viver.

Se Deus quiser,
e assim me permitir,
hei de escrever,
hei de cantar e
hei de reler
o que antes escrevi.
Cantarei os versos para viver.

Se Deus quiser,
e assim me permitir,
hei de criar,
hei de fruir e
hei de fugir
do que antes criei.
Fruirei das criações que fiz pra viver.

Se Deus quiser,
e assim me permitir,
hei de amar,
hei de doer e
hei de adormecer
das dores de amor.

Se Deus quiser,
e assim me permitir,
quero só amar, plantar, criar,
cantar e escrever.
Se Deus quiser,
e assim me permitir,
ainda quero colher, fruir e reler o que preciso pra viver.

Se Deus doer,
e assim me fugir,
quero adormecer
e fim.

Esse tipo de coisa não se pergunta

Não se pergunta esse tipo de coisa.
Ai, ai, ai!,
que esse tipo de coisa não se pergunta.

A interrogação tem limites, rapaz.
A interrogação tem limites.

Não faça cara feia quando nego respostas, rapaz.
É que interrogações tem limites.
Já te falei que não se pergunta esse tipo de coisa, rapaz.
Ai, ai, ai!,
que esse tipo de coisa não se pergunta.

...

Se queres saber qual a razão de tanto cuidado com as interrogações, rapaz,
se queres mesmo saber,
pergunte ao limite das tuas respostas,
pergunte ao limite das tuas razões,
pergunte ao limite das tuas interrogações, rapaz,
pergunte.
E se o teu ser fizer cara feia com tal indagação,
é bem feito.
Já te falei que não se pergunta esse tipo de coisa, rapaz.
Ai, ai, ai!,
que esse tipo de coisa não se pergunta.