quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Cântico da dor que finda

Palavras distantes da frase que pulsa
Versos dissonantes que a melodia expulsa
Ritmo inconstante da batida que é repulsa
Poeta farsante escreve cartas avulsas

O caos entre os dedos, entre os dentes
entre os olhos, entre a gente
O caos que inspira o poeta a ser retilíneo
A construir estruturas
A romper consigo

E ele rompe e constrói
E se perde em Niterói como se não soubesse as ruas
Mas ele sabe
Mas se perde ainda assim

O fim do desconhecido é uma parede chamada lembrança
E o poeta tem muitas paredes
E quanto mais foge das redes
Mais é isca, menos é mar

Poeta emparedado de anzóis
Morrer de fome na imensidão?
Alimentar-se e saciado morrer para saciar quem tem fome na terra firme?

Poeta não é peixe, não é mar, não é vara
Poeta é uma lacuna que não sei preencher com um nome
Poeta é um homem que se prepara
e dá de cara com a folha em branco.

Sobre ela se debruça
E veste a carapuça que a inspiração lhe apresenta
Finda a folha com um ponto
De pronto ele se isenta do que escreveu

Fim da poesia. Fim do adeus.