quarta-feira, 16 de junho de 2010

O novo filho de Netuno

Contemplo o vento a areia e o mar.
A imensidão das águas ilude um infinito.
É tanto e é tanto e é tanto.
E é tão bonito e é um encanto,
e é um espanto o peso do mar.

E me pesa a minha finitude,
tão seca, tão pequena.
E triste me vi
quando descobri que deságuo num mar
que tento e que tento e que tento
mas é só lágrima e só tormento.

É tempestade e revolta.
São ondas sem direção,
batendo e batendo e batendo
nas pedras que deveriam fazer proteção,
mas e quem protege as pedras.
Pobres pedras, grãos de areia virarão.

Estendo um pano e me alimento;
e bebo para estar líquido como o mar.
Acabo quebrando a taça
e é tinto e é tinto e é tinto;
é o meu sangue ou o do Salvador?
Não ando sobre as águas
e nem caminho sobre a minha dor.
Meus milagres são os dias
em que acordo e tenho um amor,
minha salvação são as sementes
que não salgam e viram flor.
Meu Deus está afogado
não há quem seja o meu Senhor.

Sem fé, me debruço às águas,
bebo, borbulho e me banho.
E é no oceano sem tamanho
que descubro a minha grandeza.
Mesmo que na morte não haja beleza
há luz no descobrimento.
Me nutro do mar e mergulho um ser.
Emerjo outro alguém que 'inda irei conhecer.

Com um paradoxo nas mãos

Quero minha alma Caymmi.
Quero meus bolsos Caimãs.