Quero ler-te.
Escreva, poeta.
Faz da folha em branco
o corpo nu da tua musa.
Desenlace as moças do teu flanco
para que não haja escusas
na tua volta à arte predileta.
Quero ler-te
mas já não escreves mais.
O quê fazem essas tuas musas?
Será que quando incendeiam tua cama
não mais ardem em chamas as tuas ideias?
Quero ler-te
mas teu livro fechou-se a mim.
As páginas outrora ferozes
hibernam hoje entre as capas recolhidas.
Quero ler-te.
Meus olhos buscam tua caligrafia,
a tua letra, teu estilo.
Mas esse jejum já virou vacilo ...
Quero ler-te.
Escreva, poeta!