domingo, 23 de agosto de 2015

Mosaico

Cada um me leva um pedaço
O pai, a mãe, o parente distante
o ladrão, o irmão, o padre, o mestre
a namorada que vira ex
o amigo que vira ninguém
Todos que passaram levaram um quê de mim

Tento revirar nos meus restos o que eles deixaram
Se é que largaram algum resquício
Mas me perco no que é meu e no que é vício alheio;
Um quebra-cabeças disfome
onde nem toda peça se encaixa

E o mundo me diz, relaxa
é assim mesmo, nada faz sentido
E eu sigo perdido
em retalhos, mal cerzido
Esbarrando em novos usurpadores
Anexando ao meu leprosário de lembraças
esse um tanto dos outros que em mim se fixa