domingo, 25 de março de 2012

Eu e as horas

Perdido entre as horas
busco o farol de um aviso seu.
Onde foi parar o nosso casamento?
Nossas alianças estão perdendo o brilho.

Afogado nas horas
busco respirar ao emergir do meu pranto.
Onde foi parar o encanto de estar junto?

Meu dedos ficaram finos.
Seus dedos estão mais gordos.

À deriva nas horas
busco a terra firme que meus pés não encontram mais.

Vão-se os casais,
ficam os medos.

Só. Eu e as horas.

sábado, 10 de março de 2012

No banco do teu prédio

No banco do teu prédio
pensei ser remédio
o teu doce veneno.

E inoculaste a peçonha.
Meu corpo já não estranha
os teus dentes pequenos.

Hoje, sem banco e sem remédio,
o leito, outrora branco.
está amarelado,
está vazio - estou cansado.

Sim, teu veneno vicia.
Mas há de chegar o dia
em que tua presença se fará antídoto
e o meu desprezo, anticorpo fortelecido.