Tento expurgar teus resquícios do meu corpo
São meus vícios. E eu os tomo.
Teu fantasmas ainda rondam meu entorno.
E rondam. E rondam. E deitam ao meu lado na cama.
E me abraçam. E rondam. E me tocam.
E eu tento tocá-los. E são pó. E são vento.
Porque você não partiu inteira? Porque deixou estas lembranças?
Tento exorcizar estes amores. Estas memórias do meu corpo.
São licores. E eu os tomo.
Teus sabores e teus perfumes de repente surgem nos cantos do quarto.
E emanam. E emanam. E sabotam.
E me encantam. E emanam. E me machucam.
E eu tento senti-los. E são nada. E são poeira.
Porque você não partiu inteira?
Tento refazer meus caminhos. Redescobrir o meu corpo
sem a tua companhia.
São manias. E eu as tomo.
Tuas pegadas permanecem na minha trilha.
E me perseguem. E eu as sigo.
E eu tento guardá-las. E são apagadas. E são terra.
Porque deixou estas lembranças?
Tento me livrar do que me lembro. Estas marcas no meu corpo.
São venenos. E eu os tomo.
Tua peçonha ainda corre no meu sangue e corrói o meu destino.
E me prendem. E me acorrentam. E eu tento.
Tento romper os grilhões. E eu tento.
E são ferros. E são erros. E são você.
E eu tento.