O vento sopra o meu jardim.
Nele tudo baila ao som da brisa.
Tudo se reverencia ao vento.
Apenas as árvores ficam imóveis,
com seus troncos imponentes,
mostrando que a idade as fazem nobres.
As flores, na sua reverência,
sacrificam pétalas.
Elas saem voando, em direção ao infinito,
sem hora pra voltar
e sem esperança de chegar em lugar algum.
Essas pétalas virgens,
que não tivemos o prazer de colher o perfume,
partiram para fazer do vento
carruagem e sarcófago.
Elas vão voando,
passeando pelo mundo até o vento desistir de dançar com elas.
Quando o vento enfim encontrar outro rumo
e resolver seduzir outras flores,
as pétalas das flores do meu jardim
jazerão em novo solo.
Lá secarão até virarem pó.
Com alguma sorte, viverão secas em diário de menina.
Porém, se o destino de tal pétala é ser eterna,
ela ao vento faz cortejo, mas não há de fugir com ele.
A pétala imortal é a que permanece na flor
e vira presente de amor em buquê dado com paixão.
A pétala fica viva na lembrança da pessoa amada.
Essa o vento não leva;
jamais.