segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Deliciosamente desconexa

Ai, menina,
tão deliciosamente desconexa!
Tua língua é tão complexa -
mas é nela que quero falar.
Quero saber o teu idioma,
do teu corpo ter diploma,
ter teu gosto e teu aroma,
ter a chave da tua cidade.

Ah, menina,
tão deliciosamente desconvexa!
Vê se em mim tu te anexa -
não quero mais te perder.
Fique perto da minha vista,
faz em mim uma revista,
deixa eu ser turista
e me guia pelo teu país.

Ah, menina,
tão deliciosamente circunflexa.
Atiro em ti a minha flecha -
de ti não quero sair.

Finca nova raiz neste chão.
Entrega a mim tua navalha,
eu te entrego o meu coração.
Rasga o meu peito em retalhos,
costura de volta em novo padrão.

Ah, menina,
tão deliciosamente desconexa.
O que sou nessa persona perplexa,
se não a brecha encontrada
para desarrumar o meu caminho?

Ah, menina,
tão deliciosamente desconexa.
Qual o sabor que fica depois do teu beijo de despedida?