quarta-feira, 1 de julho de 2009

Em crise existencial .............

Estou meio assim, sabe? Mais pra lá do que pra cá ... Só o amigo Lex nessas horas.

Fique então com as palavras de quem merece ser lido: William Shakespeare.


Laurence Olivier, em "Hamlet" (1948)

(Hamlet, Ato III, Cena I)

"Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer..., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis morosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados? De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação perdem."

Julgamento Final

Não queria que me olhasses com esse olhar inquisidor.
Mas se é assim, e não tem jeito, peço-te um simples favor:

Não me julgue pela marca de minha mala,
mas sim pela bagagem que carrego.

Não me julgue por meu tamanho,
mas sim pela proximidade da minha cabeça com as nuvens.

Não me julgue pela minha largura,
mas sim pelo número de pessoas que consigo abraçar.

Não me julgue pelos meus sapatos,
mas sim pelas pegadas que deixei.

Não me julgue pelas dívidas,
mas sim pelas promessas cumpridas.

Não me julgue pelos cabelos emaranhados,
mas sim pelo grisalho que se mostra aparente.

Não me julgue pelo meu nome,
mas sim por como sou chamado.

Não me julgue pelos seus amigos,
mas sim pelos meus.

Não me julgue pelas minhas rugas,
mas sim pelas expressões que as marcaram em meu rosto.

Não me julgue pelos dogmas,
mas sim pelas transgressões.

Não me julgue por meus farrapos,
mas sim por meus retalhos.

Não me julgue por meus defeitos,
mas sim pelos meus efeitos.

Não me julgue pela cor da minha pele,
mas sim pela cor onde dança minha alma.

Não me julgue pelos meus sonhos,
mas sim pelo que me faz acordar.

Não me julgue por julgar,
mas sim pelo que você é.

Não julgue os meus olhos,
mas sim o que posso enxergar.

Não julgue minhas lágrimas,
mas sim o que me faz chorar.

Não julgue minhas gargalhadas,
mas sim o sorriso que esboço quando dizes que me ama.

Tente não julgar,
mas sim sentir-me.

Querido amigo Mundo

Olá!, querido amigo Mundo!
Venho aqui pedir que estenda a sua mão.
Estou com muitas dúvidas
e quero que alivies a minha tensão.

Quero viver de amores,
é possível, amigo Mundo?
Oh, jovem sonhador! Claro que não.
Ponha o amor na balança e verás: ele pesa menos que um saco de feijão.

Querido amigo Mundo,
posso viver de dor?
Veja só! ... tão óbvio que não.
Ou queres ser julgado pela sua condição?

Ah, amigo Mundo,
deixa eu viver de poesia?
Faz me rir ... Viver de poesia? Nem pensar!
Vá fazer alguma coisa que te faça faturar.

E se eu viver de riso e abraço,
irei, então, te agradar?
Não seja estúpido, moleque atrevido.
Riso e abraço? Se disser beijinho, eu faço estardalhaço ...

Poxa, amigo mundo ...
Só me disseste "não"!
Deste sorte, pois te dei atenção.
Quando chamam-me, o Mundo,
geralmente nem respondo.