Pois é, moço.
Você pediu segredo.
Pediu silêncio.
Escondeu os atos,
camuflou os sentidos.
Pois é, moço.
Você saiu mais cedo.
Acendeu um incenso
pra despistar dos olfatos
o perfume dos corpos despidos.
Pois é, moço.
Você não esqueceu um pijama,
não deixou impressões digitais.
Limpou os fluidos da cama,
fingiu não haver filiais.
Pois é, moço.
As máscaras caem.
A gravidade não perdoa nada,
nem mesmo a hipocrisia.
Agora que a lama subiu no pescoço,
e agora, moço, e agora?
Como escapar dos olhos de quem te guia?
Já era a hora, moço.
Eis a tua verdadeira face.
E se não consegues se ver,
como se mostrar?
Vê se esquece que tu é esboço
e concretiza a tua imagem.
Quanta bobagem, moço.
Se não és feito de carne e osso,
se revelas ser de mofo e destroços,
é quando sei que não posso
cair contigo no fundo do poço.
Pois é, moço. Adeus.