sábado, 26 de setembro de 2009

6 meses - Parte II de II

No próprio dia 18 de março, marcamos de nos encontrar no próximo domingo, lá na minha casa.
Eu acordei mais cedo do que o necessário, mas algo me dizia que ela não apareceria. Sei lá ... uma coisa dentro de mim, sabe (aquilo o que eu chamo de minha síndrome de Chico Xavier). E logo ela ligou - ou eu liguei, não lembro - dizendo que não poderia vir. A mãe dela iria trabalhar naquela manhã e ela teria que ficar com o irmão. Fazer o quê, ... é a vida ... Fiquei lá ... na minha ... esperando tempo passar. E marcamos então de nos vermos no dia 24 de março, no Rio. Marcamos no Paço Imperial.
Eu cheguei um pouco mais cedo do que o combinado. Dei umas voltinhas por lá, fiquei um pouco na Arlequim. Fui lá em cima no acervo do Paço. Desci novamente e já estava ficando preocupado, achando que teríamos que adiar mais uma vez o nosso encontro. Subi novamente para o segundo andar do Paço e lá estava ela. Disse que também chegara cedo e que não me vira por ali. Estranho - pensei e dei um beijo desengonçado em seu rosto. Descemos - eu completamente nervoso - e fomos até o Odeon para ver um filme. Nada que pudéssemos assistir - filmes já começados. Então sugeri que fôssemos para Botafogo, no Estação. Pegamos o metrô e eu ainda um pouco distante, geograficamente falando, dela. Acabamos indo para o Espaço de Cinema, compramos ingressos para o filme "Palavra (En)Cantada", mas ainda tínhamos uma hora e pouco até o filme começar.
Sentamos ali no hall numa espécie de pufe muito grande e nos abraçamos enfim. Nossos rostos foram se aproximando num movimento estranho e no beijamos com vontade. Um beijo demorado, como se ali estivéssemos recuperando os meses perdidos, os longos domingos em que sentávamos em sofás separados. Ficamos no beijando durante quase todo o tempo de espera até o filme. Entramos na sala de cinema e assistimos o filme - na medida do possível para um casal de namorados (recém feitos) num cinema. Um documentário sobre as letras das músicas brasileiras que embalou muito apropriadamente os nossos beijos e carinhos.
Dali fomos embora - agora geograficamente muito próximos - e felizes.

6 meses se passaram e voltamos ao mesmo cinema. Nossos carinhos, que agora se extendem das poltronas vermelhas do cinema até uma cama bagunçada pela manhã, são mais intensos mas permanecem belos aos olhos de qualquer casal de namorados. Nos amamos mais do que nunca, sem perder jamais o brilho do nosso primeiro encontro.
Nós, dois primos um pouco distantes, que nos esbarrávamos em momentos familiares, hoje somos um par, uma dupla, um casal de apaixonados e esperamos os próximos aniversários, os próximos cinemas com suas poltronas vermelhas, os próximos domingos, as próximas camas bagunçadas, os próximos beijos demorados que ainda esperam recuperar o tempo perdido em sofás separados.