sexta-feira, 2 de agosto de 2013

De que adianta ser poeta

Falo, escrevo, rimo.
O verbo e o verso eu muito primo,
mas nem só de poema vive o homem.

Talvez com as palavras eu me esquivo
do que é preciso ser mais cativo:
a ação.

Ora, de que adianta ser poeta
se na hora que o espeto espeta
não é poesia e sim o passo a frente
que faz o corpo deixar de estar rente
à dor, ao sangue e à cicatriz?

Ora, que é preciso mover o corpo.
Usar as mãos além do esforço
de criar sobre o papel.

É preciso estar vivo fora do verso.
O poeta já é réu confesso
mas sua escrita não pode ser prisão.

Pois então eu me liberto.
O caderno continua aberto,
pronto para eu escrever.

Mas pronto eu também me ponho
transformando em ação o sonho,
transformando o verso em viver.