domingo, 28 de fevereiro de 2010

Singular/Plural

Nem vi se eras tu ou outro.
Ou outra.
Ou vários.
Só sei que fui amado.

Quem terá sido este,
ou esta,
ou estes, ou estas,
ou, quem sabe?, istos,
que agora, por sua causa,
sou, assim, tão ...
mas tão ...
amado?

Obrigado por isso;
sejas tu, ou sejam vocês.
Só peço que não pares,
ou que parem.

Me amem.
Sempre,
constantemente,
no singular ou no plural.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tocaia e cruz

Tocaia! Tocaia!
Encarceraram o meu desejo.
Botaram-lhe sapatos de cimento
e o jogaram ao mar.

Afogado está o meu desejo.
Envolto em cordas,
amordaçado.

Meu desejo está sufocando,
implorando por respirar.
Quem salvará o meu desejo
de uma morte tão desnecessária?

Vítima inocente,
nem teve como se defender.
Foi pego de surpresa,
com palavras doces,
carinhos, gracejos,
e de um pulo ou dois
foi capturado e levado
encapuzado
à masmorra da censura.

Meu desejo foi mantido em silêncio obrigatório.
Só ouvia. Só obedecia.
Seu resgate tem dia e hora marcada.
Mas é tão longe que sustento.
Assim é pior do que saber a hora da morte.
Conhecer à tempos o momento
do próprio renascimento é angústia para o meu desejo.
É o Cristo, o meu desejo,
sacrificado por quem faz as regras.

Coitado, ele vai afundando ...
Veja!
Ele tenta, mas meu desejo precisa de beijos para salvar-se.
Quem dará afago e fogo ao meu desejo?
Quem irá desatá-lo dos nós das mordaças?
Quem quebrará o cimento que o pesa?
Quem salvará o meu desejo?
Quem o desejará?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Tenho o péssimo hábito de perder as coisas

Perco as chaves de casa.
Perco o chão.
Perco a fome de novo. Perco o pão.
Perco as horas no trânsito.
Perco a paciência no trânsito.
Perco a beleza da paisagem,
porque perdi a capacidade de admirar.

Perco os cabelos no trabalho.
Perco a juventude.
Perco a certeza das coisas. Perco a memória.
Perco a cor dos meus cabelos. Perco a história.
Perco o brilho dos meus olhos.
Perco a vontade de jantar.

Perco a vontade de ir embora.
Perco a vontade de ver a hora.
Perco a vontade de ver.
Perco a vontade de te dizer.
Perco você.

Perco a novela das oito.
Perco o jornal.
Perco a sessão de cinema.
Perco o meu animal.
Perco o regador e o adubo.
Perco o meu quintal.

Perco a força nas pernas.
Perco a visão à distância.
Perco a vergonha na cara.
Perco a elegância.

Perco os sonhos antigos.
Perco os projetos futuros.
Perco a luz do luar.
Perco todo o meu sono.
Perco os meus calmantes.
Perco minhas vitaminas.
Perco o meu viço.
Perco as minhas meninas.
Perco o despertador.
Perco a manhã que origina.

Perdi meus dentes de leite.
Perdi meu corpo no fogo.
Perdi minhas cinzas no vento.
Perdi minha alma no mar.
Perdi meus amores pros outros.
Perdi o porquê procurar.
Perdi as chave de casa.
Perdi o que queria encontrar.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

It takes two

Estou tendo um trabalho muito exaustivo, mas, ao mesmo tempo, extremamente saboroso.
Há algum tempo baixei o musical Into the Woods, de Stephen Sondheim. Só que não vinha com legendas. Ok ... eu até assisti, e amei!

Mas eu queria que meus amigos também pudessem assistir. E agora estou legendando-o. Cansa, mas estou adorando.

Confiram a canção It takes two:

P.S.: Queridos ... quando aparece [] é o ~ ou o ç.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Vinte anos blues

Acordei hoje bem cedo (para resolver pendências de documentos - e enfim me matricular na UNIRIO, amanhã). Nesse acordar cedo, ainda estava tudo escuro, mas eu via uma pontinha de sol bem longe. Deitei um pouco, um rápido cochilo, e logo levantei. Que beleza! Eu vi um céu laranja, mas ainda azul de fim de madrugada.

Acho que é assim que me sinto hoje. Vejo o meu futuro laranja, iluminado pelo sol. Mas ainda há no meu céu os rastros da madrugada da adolescência. Essa fase que não é noite nem dia, mas sim a dúvida se sou sol ou se sou lua. Quem dera eu fosse estrela ...

Pois bem. Agradeço a todos e a suas demonstrações de afeto e carinho. Tive uma ótima semana de comemoração com queridos amigos, e ainda terei amanhã e até o domingo! E continuaremos comemorando até que passem todos os sóis e todas as luas. Até virarmos raio de luz, seja da noite, seja do dia.


Eu tenho mais de vinte anos
Eu tenho mais de mil perguntas sem respostas

A Call From The Vatican

Essa cena é de deixar qualquer um de queixo caído!

Minha namorada ainda vai me bater ... rs

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Casta Nobiliária

Minha visão nunca foi sectária.
Sempre a favor da causa proletária,
tenho ação revolucionária,
jamais reacionária.

Por razão prioritária:
não apelar à profissão sicária
para ficar longe da penitenciária.

Já por questão monetária,
não tenho vida perdulária.
E antes de chegar à obituária
quero melhorar minha cota orçamentária.

Minha cara otária
já não é mais necessária.
A sabedoria precária
já é minoritária.

Adeus, rotina sedentária!
Já não sou mais um pária
da vida unversitária.