É a tua jugular que me chama.
Quero o teu sangue quente escorrendo
por meus lábios.
À noite, caminharei pelo teu jardim.
Abrirei a tua janela, deitarei sobre ti em tua cama
e afastarei seu cabelo do seu pescoço.
As veias saltarão e clamarão pela minha mordida.
É a tua jugular que me chama.
Assim, neste deleite noturno, soturno
macabro,
farei em teu sangue
a morada da minha eternidade.
E você fará, em meus caninos,
uma festa rubra e densa,
uma valsa lenta
dançada pelos nossos fluidos.
Tua jugular ainda me chama.
E clama, ainda, por mordidas em todas as veias.
Todo o seu corpo é meu por esta noite.
E faremos um bacanal vermelho
cor de sangue nos seus lençóis.
Dali viajaremos mil e tantos anos para o passado.
Dali tirarás teu passaporte para o não-efêmero.
Por esta noite já basta.
Teu sangue saciou a minha sede de ti,
a minha fome de ti.
Durma e descanse
nos resquícios de meus delírios.
Cubro-te com uma manta forte,
para que o vento frio
não te gele os pesadelos.
Saio pela janela aberta, cortinas esvoaçantes,
e flutuo pelo jardim feito pétala, outrora seca,
agora renovada.
Perto do fim, mesmo saciado,
sou sugado de volta aos teus aposentos.
É a tua jugular que me chama.