sábado, 5 de setembro de 2009

Imensamente

Hoje, na aula, ele passou a mão nos seus cabelos. Você nada fez; nada fez a ele. Mas em mim você fez rachaduras. Cada vez que ele passava a mão por seus cabelos meu coração sangrava laminado. Sim, eram as lâminas da tua beleza rascante que a todos seduz.
Mesmo sentindo ódio por ele, sou obrigado a perdoá-lo. É natural que o homem sucumba aos teus encantos. Nossas mãos clamam os seus cabelos como se eles fossem um mar cheio de sereias que cantam e levam o pobre pescador às profundezas de sua perdição. E, além de perdoá-lo, eu o admiro. Ele passou a mão nos seus cabelos. E eu que nem isso!? Pois só de pronunciar o teu nome meus lábios tremem em calafrios, como se um nome sagrado eu tivesse dito em vão. Esse teu nome santo de Deusa. Deusa à que esse teu servo não é digno de sacrificar-se. Mas sou capaz de entregar-me às tuas vontades. Ouso querer ser-te necessário. Quem sabe assim me permitas fazer parte dos teus caminhos.
Hoje, quando ele passou a mão nos seus cabelos, quando senti um imenso ódio e uma imensa dor, descobri que para mim não há mais fuga. Eu te amo imensamente e tudo o que eu quero é te abraçar, te beijar e passar a mão nos seus cabelos.