terça-feira, 15 de novembro de 2011

Au revoir, Auf Weidersehen

O sol nasce e eu deveria acordar com ele.
Mas eu estou de pé desde o seu último levante.
Pois antes que ele me pegue de olhos abertos
vou deitar. E embora o sono me faça dormir,
meus sonhos continuarão despertos.

O sono ao lado, o sono em mim

O meu amor dorme ao meu lado.
Seu sono pesado não atrapalha o meu dever.
Sou um poeta insone e meu serviço não tem hora ou lugar.

O meu amor sonha aqui pertinho.
E espero que não seja pesadelo o seu silêncio.

Dormindo eu penso e escrevo em pensamento.
Acordo já com poemas e canções.

E quando durmo ao lado do meu amor
não sei o que causo.

A minha vigília não fecha os olhos.
Meus sonhos são todos acordados.
E também meus pesadelos.

Eu tenho um amigo

Eu tenho um amigo que é muito misterioso.
Cada passo seu é um segredo.
Cada fala uma charada.
E me pergunto se meu amigo
é aprendiz de esfinge.

Eu tenho um amigo que às vezes some.
Cada passo seu não deixa rastro.
Cada fala parece um sussurro.
E me pergunto se meu amigo
de propósito se esconde.

Eu tenho um amigo que é poeta.
Cada passo seu é um verso.
Cada fala uma entrelinha.
E me pergunto se meu amigo
me escreve ou me lê.

Sous les ciel de Paris

Dos telhados de Paris
dá pra ver a Torre Eiffel.
Nem de todos os telhados,
é claro.

Dos telhados de Paris
eu vejo outros telhados,
vejo as ruas,
vejo as praças.

No inverno
eu vejo a neve
nos telhados de Paris.

Eu vi.
E me lembro muito bem.
E lembro do quanto eu me diverti
numa sacada de um telhado em Paris.

Ai, saudades do frio e da fumaça,
do queijo, do papo e da cumplicidade.
Irmã querida,
nossa queda na rua e na neve ...
Eu lembro e sorrio.
Eu lembro e choro.
Eu lembro e sinto o frio
daquela noite onde todos estávamos felizes.

Ah, os telhados de Paris ...
Que saudade!