domingo, 29 de janeiro de 2012

Ser imperfeito não nega o amor no meu peito

Perdão, amor.
Não sei porque erro tanto.
'Inda mais quando tudo o que tento
é materializar em atos
o meu sentimento.

Desculpe, amor.
Não quero ser este trapo.
Quando o meu canto
contrasta com o que digo
tento conter teu espanto
transformando em abrigo
este teu homem farrapo.

Eu te amo, amor.
Estarei sempre ao teu lado
mesmo eu sendo um ser imperfeito.
E seguindo acompanhado
é mais fácil andar direito -
com você, de braços dados,
com você, dentro do peito.

Obrigado, amor.
Já sei porque te amo tanto.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Embriagado de tédio

Embriagado de tédio
vejo-te absorta nas páginas te um livro qualquer.
Posto de lado,
o remédio é estar aberto ao que der e vier.

Atrás do pecado
eu busco o assédio de te distrair.
E viro pro lado
já que de teu livro não vais desistir.

Em busca de fado
deixo o teu prédio, assim, de pijama.
E embriagado
retorno o meu corpo à tua cama.

Ainda absorto teus olhos estão neste livro qualquer.

Virei um aborto,
que nem livro roto,
aos teus olhos,
mulher.

sábado, 7 de janeiro de 2012

(mais um) Apelo ao poeta

Quero ler-te.
Escreva, poeta.
Faz da folha em branco
o corpo nu da tua musa.
Desenlace as moças do teu flanco
para que não haja escusas
na tua volta à arte predileta.

Quero ler-te
mas já não escreves mais.
O quê fazem essas tuas musas?
Será que quando incendeiam tua cama
não mais ardem em chamas as tuas ideias?

Quero ler-te
mas teu livro fechou-se a mim.
As páginas outrora ferozes
hibernam hoje entre as capas recolhidas.

Quero ler-te.
Meus olhos buscam tua caligrafia,
a tua letra, teu estilo.
Mas esse jejum já virou vacilo ...

Quero ler-te.
Escreva, poeta!