quinta-feira, 11 de junho de 2015

Boa leitura

Garota
Leia bem esse livro
É disso que eu vivo

Palavras, frases
Orações
Não são
Clavas e traves
Que adiantam o caminho

A liberdade é literária
É poética
Tem estética
Muitas vezes
Caótica

E não é por ser lida
Que depende da ótica
Sim, há quem leia com os olhos
Mas há os que leem com os dedos
Ou com os ouvidos

E, garota, há também os que leem com um sentido mais raro
Onde o faro se apura pela lira do poeta
Sentem o texto pelo poro que mais se afeta
E direcionam a seta na reta dos apuros

O risco, garota
É que quem lê o livro
Usando mais do que os olhos
Não vê mais o mundo com as mesmas letras

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Myanmar não tem palmeiras

Há um país chamado Myanmar
E sei que nem lá me amam
Ok, o trocadilho não é dos melhores
Mas piores são os nomes a que me chamam

Um passarinho contou-me teus novos passos
E os espaços onde alcanças novos vôos
E que estão cada dia mais escassos
Os abraços que já foram de amor

E se achas que eu espero o teu retorno
Faz favor, não me faça rir assim
É estorvo esperar que aqueça o morno
Quando o fogo não degela o que há em mim

Logo, lance teu olhar a outros corpos
Eu estou trancado e protegido
Tuas juras velejam novos portos
Teu sabor não me é mais permitido

Adeus, doce lembrança meio amarga
Vou partir em busca de outro lar
Vou seguir nova rota firme e larga
Estou só de ida à Myanmar


Aos versos insones

Não me vem a inspiração
Não sei se por falta de musas
Não sei se por alto nos muros
Onde guardam os versos e as lamúrias
Não encontro como por em palavras as dores e os dias
Traduzir no verbo o que sangra a carne
É tarefa de artesão
Mas tenho me descoberto um comerciante
E a poesia não admite escambos
Noites insones
Dias insossos
E nada de novo no reino da Dinamarca
Escrever ou não escrever?
Eis a canção.