quinta-feira, 30 de julho de 2009

A máscara que não há

Qual é o segredo da tua verdade?
Não admito que me sejas, assim, tão transparente.
Cadê teu passo em falso?
Cadê tua escapulida?
Não me enrole com a tua sinceridade.
Não é possível que nem traças hajam na sua tapeçaria.

Por que me és tão benevolente?
Tão fiel? Tão complacente?

Tua pureza me fere como um punhal
que atravessa as costelas
e atinge os órgãos, fazendo questão de ferir
por dentro e por fora.
Tua pureza me faz cicatrizes.

A integridade nos teus olhos,
somada à decência do teu respirar,
é ofensa para os meus sentidos.

Quando passo a mão por teus cabelos,
quando passeio os dedos por teu rosto,
procuro urgentemente fazer cair a tua máscara.
Mas disfarçaste bem como escondes tua face real,
o teu ser roto,
que tem de haver.

Qualé a sua que quis ser tão,
mas tão, correta?
Me fazendo penar à espera do teu deslize?
Me fazendo sofrer por antecipação ao teu pecado?

É assim que me deixas:
inseguro pela amplitude,
pela magnitude do teu agir.

Revela-te imperfeita
e minh'alma descansará à tua presença.