sábado, 31 de dezembro de 2011

O carrasco sabe quando mostro os dentes

Faz falta penar as dores;
Foram muitos sorrisos
consecutivos
inconsequentes.

O carrasco sabe quando mostro os dentes
A sorte sabe as cartas que tenho na mão
O penhasco é o que fica após o chão
A morte é apenas o passo à frente

Faz falta penar as dores;
Foram muitos gritos
aprisionados
dentre os dentes.

A guilhotina sabe onde fica o pescoço
O nó sabe da forca o início
A jovem menina não sabe o que é vício
O homem velho já não sabe ser moço

Faz falta penar as dores;
mas o tempo é injusto e veloz
traz de volta o pior dos odores:
o perfume da morte, do amor, do algoz.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O sabor do teu doce amor

Meu doce amor,
sei que a distância é amarga.
Desculpe-me se não te trago uma flor.
Pétalas não apagam os rastros do tempo.

Meu doce amor,
sei que a distância te azeda.
Desculpe-me se não voltei com pressa.
Mais veloz são meu lábios que meus passos.

Meu doce amor,
sei que a distância às vezes salga.
Desculpe-me se peço tanta calma.
Lembre-se dos beijos trocados no Paço.

Meu doce amor,
sei o sabor que traz a distância.
Mas o paladar sobrevive à ânsia
e nosso amor não seca como as pétalas.

Ele vira fruto mordido sem pecado.
E as sementes caídas no solo arado
fazem renascer a cada estação
o sabor do teu doce amor.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Moça da taça de vinho

Moça da taça de vinho
me lembro dos teus talismãs
Lembro da da tua conversa,
tua fala dispersa,
teus lábios romã.

Moça da taça de vinho
quero teus olhos de mel.
Quero tua pele e tua alma,
tua fera sem calma,
tua fuga do céu.

Moça da taça de vinho
quero uma dose e um brinde,
um gole e um petisco.

Quero teu olhar e atenção,
mas não quero que diga que não.
Quero teu corpo e carinho,
quero é você, minha moça
da taça de vinho.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A moça da maré

Meu querido amigo,
o que te traz aqui
com este rosto antigo?
Onde está o sorriso
que te acompanhou
naquela última vez?

Não diz que ela voltou
e tirou de você
quem estava contigo ...
Onde está aquela moça
que o tirou da poça
e o fazia feliz?

Foi embora depois
que já não eram dois
pois voltou a primeira;
que não quis ser terceira,
que não quis ser parceira,
que não gosta de paz.

Meu querido amigo,
não faça besteira;
Não se afunde de novo.
Esse mar é profundo,
afogou o seu mundo
e sumiu com teu corpo.

Demorou tanto tempo
pra você se curar.
Pra emergir desse mar,
pra quebrar tua cela.

Meu querido amigo,
cuidado, olha o perigo,
com o mar não se brinca.
Olhe à tua volta
e veja onde fincas
o teu coração.

Meu querido amigo
clamo, ouça o alarde,
sabes bem como é.
Mais cedo ou mais tarde,
ela muda com a lua
e some com a maré.

Não fique a ver navios.
Vem que eu te auxilio
voltar á terra firme.
Meu querido amigo,
não é nenhum crime;
chore o seu mar.

Tudo agora é segredo

Não quero saber.
Tudo agora é segredo.
Não interessa o motivo;
estás fora do enredo.

Jamais te contarei.
Ficarão sempre escondidos
sob os véus e os escombros
os poemas perdidos
e as conversas de alfazema.

Essa história é só minha.
Cada momento pertence
àquele que o viveu.

Portanto não peça que eu repense.
Já é o fim da linha.
O segredo é só meu.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Frutas, divã e fim da sessão

Meu amor foi pro divã.
Contou suas questões,
seus pecados e maçãs.
Chorou suas pitangas
e falou das semanas
que passou sem pulsar.

Ah, meu amor.
Quanto custa essa sessão?
Fale comigo da tua vida;
Eu não cobro um tostão!

Largue esses ouvidos robóticos.
Abrace os meus lábios vividos.
Atenha-se ao tempo lógico.
Desate-se dos tempos perdidos.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Feliz aniversário, Woody Allen

Ah, o que será de mim sem Woody Allen. Meu velhinho favorito, por favor, viva bastante ainda!
Feliz aniversário, meu querido.