quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Na minha gaveta

Hoje mais cedo
procurei numa gaveta
o verso antigo que compus na solidão.

Sim, tive medo
de rever nesta gaveta
a tua carta que quebrou meu coração.

A tua carta
tanto li que decorei.
Suas palavras
tanto li que eu chorei
demais.

Logo depois,
busquei o papel e a caneta.
E escrevi resposta a tua negação.
Mas, sem coragem,
escondi numa gaveta
esta saudade que é a minha maldição.

Hoje mais tarde
irei ao teu encontro.
E lhe darei esta carta que escrevi.
E é bom que leias,
pois naquela gaveta
ao lado das palavras nossas
guardei comigo um regalo assassino.
Se não me amas, não amarás ninguém.

Eis a nova carta,
onde nela eu assino
com minhas lágrimas,
teu sangue,
meu amor.

Agora morta, mas ainda presente.
Temos a mais perfeita relação.
Vives comigo, pois guardo na gaveta
as nossas cartas e o teu coração.