domingo, 8 de junho de 2014

Nada o que lhe é de direito

Ele vai levando tudo.
Nada sobra sobre a mesa.
Ele cobra cada cobre, cada vintém.
Ele suga e parece que ninguém o deterá.

Ele arrasta as memórias,
as histórias, as vitórias.
As derrotas ele também carrega.
Ele me arranca as doenças,
as moendas, as amêndoas.
Cada noz. Tudo o quê foi nós.

As pétalas, os rótulos, os nódulos, as cédulas.
Apaga as velas, e as leva.
As telas, as aquarelas, as janelas.
Fica tudo escancarado de cara para o vazio.
Ele leva os cabos, os tetos, os fios.
Leva o chão, leva o ar.

Pronto. Ponto.
Tudo foi levado. Liquidado. Exterminado.
Mas eu fico. Eu finco.
Eu findo. Eu renasço.
Eu permaneço.