sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A moça da maré

Meu querido amigo,
o que te traz aqui
com este rosto antigo?
Onde está o sorriso
que te acompanhou
naquela última vez?

Não diz que ela voltou
e tirou de você
quem estava contigo ...
Onde está aquela moça
que o tirou da poça
e o fazia feliz?

Foi embora depois
que já não eram dois
pois voltou a primeira;
que não quis ser terceira,
que não quis ser parceira,
que não gosta de paz.

Meu querido amigo,
não faça besteira;
Não se afunde de novo.
Esse mar é profundo,
afogou o seu mundo
e sumiu com teu corpo.

Demorou tanto tempo
pra você se curar.
Pra emergir desse mar,
pra quebrar tua cela.

Meu querido amigo,
cuidado, olha o perigo,
com o mar não se brinca.
Olhe à tua volta
e veja onde fincas
o teu coração.

Meu querido amigo
clamo, ouça o alarde,
sabes bem como é.
Mais cedo ou mais tarde,
ela muda com a lua
e some com a maré.

Não fique a ver navios.
Vem que eu te auxilio
voltar á terra firme.
Meu querido amigo,
não é nenhum crime;
chore o seu mar.

Tudo agora é segredo

Não quero saber.
Tudo agora é segredo.
Não interessa o motivo;
estás fora do enredo.

Jamais te contarei.
Ficarão sempre escondidos
sob os véus e os escombros
os poemas perdidos
e as conversas de alfazema.

Essa história é só minha.
Cada momento pertence
àquele que o viveu.

Portanto não peça que eu repense.
Já é o fim da linha.
O segredo é só meu.