sábado, 16 de julho de 2011

A Princesa Aurora

Cinco horas de uma manhã gelada.
Eu, guerreiro sem espada ou montaria,
visto a armadura fria e faço guarda
em frente a morada da minha princesa.

Enquanto não nasce o sol,
faço as minhas pálpebras de represa
até que o calor seja um lençol
e cubra as vergonhas de minha emoção.

Até que fuja de sua masmorra,
indefesa e carente frente o amor e a paixão,
esperando quem lhe socorra,
a donzela esperada a tempos em dor.

E me ponho aos seus pés,
juro fiel meu amor,
ofereço meus navios, com velas e convés,
e imploro à princesa pedir-me o que queira.

Ela move os seus lábios
e diz de uma vez: prisioneira,
guerreiro, não serei outra vez. Os sábios
livros me deram o poder que faltava.

Sou livre e rasteira,
sou lenha, sou lava.
Minha terra outro não semeia,
sou eu quem planta, sou eu quem lavra.
Rompo rimas e desejos,
rompo celas e o grilhão.
E se quiseres meu amor,
serás tu prisioneiro
em meu coração.