quinta-feira, 22 de abril de 2010

Minha nega não me nega

Quando subo a favela
é ela que está na janela.
Panela no fogo,
cheirinho de feijão,
perfume de alvejante,
é minha nega no portão.

Um beijo contido
pro povo não falar.
Eu entro corrido
pra poder descansar.
Sentado eu digo:
o que fez tu, mulher?
E ela responde:
esperei o meu nego
que veio da rua
dizer o que quer.

Mulher como a minha nega
não se encontra mais.
Pode procurar, fazer propaganda,
estampar nos jornais.
Mulher, como a minha nega,
que lava, cozinha
e de noite chamega,
é ela e não tem outra,
é a minha nega que não largo jamais.

E ela canta e sorri
quando eu subo a favela.
É ela que faz de mim um homem feliz.
É ela que não me nega
não importa as vezes que o galo cantar.
Eu, o seu nego,
só dela e de mais ninguém.
Sou o nego dela
e não nego o amor que essa nega me tem.