não me percebes por inteiro.
O que vês é apenas um pedaço,
uma brecha no espaço
entre mim e o teu olhar.
Quando me olhas de perfil
só percebes um dos lados.
O que vês é apenas a metade,
uma parte covarde
que se esconde do outro par.
Quando me olhas no perfil
há apenas o que permito.
O que vês é menos verdade do que mito.
São partes de mim, escolhidas a dedo,
para que me admires e esqueça o medo
de haver detritos entre os meus retratos.
Há delito em omitir os fatos?
Não, se eu saio bem nas fotos.
Não, se eu saio bem nas fotos.