Piedade, Senhor, daquela gente!
O vilarejo está em chamas.
Não há água que apague o fogo que lambe os lençóis daquela cama.
Piedade, Senhor, daquela jovem!
Alguém acuda a pobre moça que grita.
Sons que arrepiam quem ouve. Serão esses seus últimos suspiros?
Piedade, Senhor, daquele rapaz!
À sua volta, calor e fumaça. Ele corre, seu respirar é ofegante.
Estarão ele e a pobre moça com risco de vida?
Piedade, Senhor, são dois em fuga.
Ele encontra uma gruta, ela o guia.
Lá dentro parece local seguro, mas o rapaz logo vê que as chamas não cederam.
O local é um refúgio ou uma armadilha?
Piedade, Senhor, piedade.
A gruta é beco sem saída.
O rapaz não sabe pra onde ir. A jovem o ajuda.
Juntos eles se abrigam. Juntos eles escapam.
O fogo cessa lá fora.
Mas, na gruta ele recomeça.
O despertar das labaredas se refaz pelos mesmos que incendiaram o vilarejo.
Piedade, Senhor? Piedade?
Não os perdoe.
Eles sabem o que fazem.