Não é nada disso ...
Quando falei fome, quis dizer Maria.
Quando falei ontem, quis dizer bom-dia.
Quando falei esqueça, quis dizer que eu já sabia.
Quando falei agora, quis dizer saudade.
Quando falei embora, quis dizer covarde.
Quando falei fora, quis dizer unidade.
Quando falei paixão, quis dizer cebola.
Quando falei João, quis dizer papoula.
Quando falei que não, quis dizer ampola.
Quando falei aquilo tudo,
foi por falar.
Não guarde aquelas palavras.
Aquelas, deixe o vento levar.
Foi o meu inconsciente roto,
despreparado para a ocasião.
Atos falhos, meu bem, quase nada.
Atos falhos que rolaram a escada
e, com um baque, bateram em meu portão.