sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Promessa

Em teu leito de morte
fizeste um último pedido.
Era esse tão difícil
que queria eu ter morrido.

Foste embora dessa vida, e nem assim
me libertei de tua presença infeliz.
Fui obrigada a cumprir, após tua morte,
a promessa que te fiz.

Mas minha palavra é coisa escrita;
tem valor aquilo o que digo.
E se foi este o teu pedido,
o último, que fizeste comigo,
ali, no teu leito de morte,
saibas que tens sorte,
pois sou mulher de confiança.
E se foi essa a tua herança,
dela farei fortuna.

Morri quando fiz este pacto contigo.
O que me pediste foi de fel e mesquinho.
Mas não se nega o último pedido de quem está pra morrer.
Me fez jurar que pra sempre te amaria,
e, ainda pior,
que do outro esqueceria.

Maquiavélico!
Me fez prometer nunca amar outro homem.
Aquele que ainda vive,
e que sempre viverá em mim,
jaz inerte e imortal nas minhas vísceras.
Morri quando prometi amar um homem morto.

Eu irei ao pó,
assim como você,
marido errante.
Ele irá estrela
no meu céu de amante.