Incolor, insípida, inodora.
Nem a água é indolor.
Tanto bate até que fura.
terça-feira, 19 de agosto de 2014
domingo, 17 de agosto de 2014
Canção do não-adeus
Estranho ser ninguém na sua vida.
Já não sou nem pedra no caminho.
Minha boca não é mais a preferida.
Eu perdi o gosto do seu carinho.
Onde foi parar tanta promessa?
Onde estarão as palavras de futuro?
Quando começou a tua pressa
de me largar sozinho no escuro?
Sem você tudo é frio, é tão gelado.
Sem você o nada é nova companhia.
Se lá fora o céu era cinza, era nublado,
no quarto o sol queimava toda ira.
Estranho ver alguém na sua vida.
Já há nova rota, eu sou velho caminho.
Nova boca é a tua preferida.
Novo lábio saboreia o teu carinho.
Onde foi parar tanta promessa?
Onde estão as lembranças do passado?
Quando começou a tua pressa
de buscar um novo ar, um outro amado?
Sem você continuo sob a neve.
Não busquei uma nova companhia.
Se lá fora o dia é quente, se o dia é leve,
no quarto pesa a ausência, pesa a apatia.
Estranho dar adeus à nossa vida.
Trilhar sem você o meu caminho.
Descobrir, virá nova preferida?,
E se há vida após nosso destino.
Já não sou nem pedra no caminho.
Minha boca não é mais a preferida.
Eu perdi o gosto do seu carinho.
Onde foi parar tanta promessa?
Onde estarão as palavras de futuro?
Quando começou a tua pressa
de me largar sozinho no escuro?
Sem você tudo é frio, é tão gelado.
Sem você o nada é nova companhia.
Se lá fora o céu era cinza, era nublado,
no quarto o sol queimava toda ira.
Estranho ver alguém na sua vida.
Já há nova rota, eu sou velho caminho.
Nova boca é a tua preferida.
Novo lábio saboreia o teu carinho.
Onde foi parar tanta promessa?
Onde estão as lembranças do passado?
Quando começou a tua pressa
de buscar um novo ar, um outro amado?
Sem você continuo sob a neve.
Não busquei uma nova companhia.
Se lá fora o dia é quente, se o dia é leve,
no quarto pesa a ausência, pesa a apatia.
Estranho dar adeus à nossa vida.
Trilhar sem você o meu caminho.
Descobrir, virá nova preferida?,
E se há vida após nosso destino.
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quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Three Little Words
Lembre das três palavras -
sempre fogo, sempre lava.
Lembre de cada palavra,
quem sabe forja, quem sabe crava.
Lembre, se é que há palavra.
sempre fogo, sempre lava.
Lembre de cada palavra,
quem sabe forja, quem sabe crava.
Lembre, se é que há palavra.
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domingo, 10 de agosto de 2014
Lua e longe
Disseram:
Olhe pro céu! Veja a lua! Como está bela hoje.
Eu não posso olhar pro céu. Não posso olhar pro lado.
Quero te ver, estar contigo. Não com a lua.
De que adianta a beleza e o brilho que está fora da terra?
Eu quero a beleza e o brilho daquela que me faz sol.
Tanto disseram:
Olhe pro céu! Veja a lua! Como está bela hoje.
Que eu olhei. Vi. E pensei:
Nossa!, como está bela essa lua.
Agora eu me pergunto:
Você virou lua? Por isso distante? Por isso tão linda?
Disseram:
Que pena. Logo amanhece e adeus essa lua.
Nossa!, que medo que chegue a manhã.
Olhe pro céu! Veja a lua! Como está bela hoje.
Eu não posso olhar pro céu. Não posso olhar pro lado.
Quero te ver, estar contigo. Não com a lua.
De que adianta a beleza e o brilho que está fora da terra?
Eu quero a beleza e o brilho daquela que me faz sol.
Tanto disseram:
Olhe pro céu! Veja a lua! Como está bela hoje.
Que eu olhei. Vi. E pensei:
Nossa!, como está bela essa lua.
Agora eu me pergunto:
Você virou lua? Por isso distante? Por isso tão linda?
Disseram:
Que pena. Logo amanhece e adeus essa lua.
Nossa!, que medo que chegue a manhã.
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sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Teus lábios
Hoje teus lábios não tocaram os meus.
Eles falaram de ostras, de coisas,
dos outros.
Não falaram de nós.
Hoje teus lábios sorriram,
se molharam na saliva, no veneno,
no chocolate.
Não tocaram os meus.
Hoje teus lábios brilharam,
mudaram de cor, foram mordidos.
Não disseram meu nome.
Hoje teus lábios me saudaram de longe.
Hoje teus lábios me disseram adeus.
Eles falaram de ostras, de coisas,
dos outros.
Não falaram de nós.
Hoje teus lábios sorriram,
se molharam na saliva, no veneno,
no chocolate.
Não tocaram os meus.
Hoje teus lábios brilharam,
mudaram de cor, foram mordidos.
Não disseram meu nome.
Hoje teus lábios me saudaram de longe.
Hoje teus lábios me disseram adeus.
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terça-feira, 5 de agosto de 2014
Bom dia, amor
Acorda, amor.
Já passou o pesadelo.
Era uma nuvem. Era uma névoa.
Foi só um susto.
Acorda, amor.
Eu já fiz o teu café.
Tem chá também.
Tem eu também.
Acorda, amor.
Não fica aí parada.
A cozinha está longe da cama.
Vem pra perto.
Acorda, amor.
Cuidado que o café esfria.
Que o pão esfria.
Que o amor esfria.
Acorda, amor.
Daqui a pouco acaba o dia.
Daqui a pouco anoitece.
E não vai mais fazer sentido.
Acorda, amor.
Você não gosta de pão dormido.
Acorda que me dói ser esquecido.
Acorda pro sonho ser revivido.
Já passou o pesadelo.
Era uma nuvem. Era uma névoa.
Foi só um susto.
Acorda, amor.
Eu já fiz o teu café.
Tem chá também.
Tem eu também.
Acorda, amor.
Não fica aí parada.
A cozinha está longe da cama.
Vem pra perto.
Acorda, amor.
Cuidado que o café esfria.
Que o pão esfria.
Que o amor esfria.
Acorda, amor.
Daqui a pouco acaba o dia.
Daqui a pouco anoitece.
E não vai mais fazer sentido.
Acorda, amor.
Você não gosta de pão dormido.
Acorda que me dói ser esquecido.
Acorda pro sonho ser revivido.
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sexta-feira, 25 de julho de 2014
Diz o luto
Bateu o portão. Saiu. Deixou.
Sumiu na esquina. Partiu. Acabou.
Horas e mágoas e livros.
Anos e lingeries.
Dissolvidos.
Rompeu a veia. Rasgou. Jorrou.
Caiu por terra. Quebrou. Findou.
Cacos e pontos e dor.
Lacunas e pó.
Dilacerados.
Cortou os olhos. Sangrou. Cegou.
Abriu os pulsos. Escorreu. Esvaziou.
Caminhos e rios e pedras.
Flores e só.
Dissolutos.
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sábado, 5 de julho de 2014
O Livro da Pele
A palavra constante
que tatua a pele nua
não é marcada com lápis,
não é marcada com giz.
A palavra constante
que tatua a pele nua
é marcada com língua e unha
com suor, com lágrima, com saliva.
A lástima da qual ninguém se esquiva
é que nada apaga a palavra constante.
Uma vez sobreposta, jamais eliminada.
A página na qual tudo se publica
é a que revela a palavra constante.
Uma vez lida, jamais silenciada.
A palavra constante, marcada, sangrada,
vestiu a pele nua de significados e significantes.
Cobriu a epiderme de vogais, de consoantes,
de pontos,
de vírgulas, de indagações.
A leitura da pela, outrora nua,
é obrigatória. É escolar. É secular.
que tatua a pele nua
não é marcada com lápis,
não é marcada com giz.
A palavra constante
que tatua a pele nua
é marcada com língua e unha
com suor, com lágrima, com saliva.
A lástima da qual ninguém se esquiva
é que nada apaga a palavra constante.
Uma vez sobreposta, jamais eliminada.
A página na qual tudo se publica
é a que revela a palavra constante.
Uma vez lida, jamais silenciada.
A palavra constante, marcada, sangrada,
vestiu a pele nua de significados e significantes.
Cobriu a epiderme de vogais, de consoantes,
de pontos,
de vírgulas, de indagações.
A leitura da pela, outrora nua,
é obrigatória. É escolar. É secular.
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domingo, 8 de junho de 2014
Nada o que lhe é de direito
Ele vai levando tudo.
Nada sobra sobre a mesa.
Ele cobra cada cobre, cada vintém.
Ele suga e parece que ninguém o deterá.
Ele arrasta as memórias,
as histórias, as vitórias.
As derrotas ele também carrega.
Ele me arranca as doenças,
as moendas, as amêndoas.
Cada noz. Tudo o quê foi nós.
As pétalas, os rótulos, os nódulos, as cédulas.
Apaga as velas, e as leva.
As telas, as aquarelas, as janelas.
Fica tudo escancarado de cara para o vazio.
Ele leva os cabos, os tetos, os fios.
Leva o chão, leva o ar.
Pronto. Ponto.
Tudo foi levado. Liquidado. Exterminado.
Mas eu fico. Eu finco.
Eu findo. Eu renasço.
Eu permaneço.
Nada sobra sobre a mesa.
Ele cobra cada cobre, cada vintém.
Ele suga e parece que ninguém o deterá.
Ele arrasta as memórias,
as histórias, as vitórias.
As derrotas ele também carrega.
Ele me arranca as doenças,
as moendas, as amêndoas.
Cada noz. Tudo o quê foi nós.
As pétalas, os rótulos, os nódulos, as cédulas.
Apaga as velas, e as leva.
As telas, as aquarelas, as janelas.
Fica tudo escancarado de cara para o vazio.
Ele leva os cabos, os tetos, os fios.
Leva o chão, leva o ar.
Pronto. Ponto.
Tudo foi levado. Liquidado. Exterminado.
Mas eu fico. Eu finco.
Eu findo. Eu renasço.
Eu permaneço.
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terça-feira, 8 de abril de 2014
Logo, logo
Vem logo,
me carrega no colo.
Me retira do solo,
me levanta, me joga pro alto.
Vem, chega mais.
Os que vieram antes
já ficaram pra trás.
Me retira do ontem,
me adianta, me arranca do chão.
Vem, fica um pouco.
Segura meu corpo
pra ver se ele fica de pé.
Pelo menos um louco
ajudando o outro
pra ver se dá pra manter a fé.
Vem, mas vai logo após.
O ímã do solo me afasta de nós.
Estou grudado à gravidade.
E quando chega a idade
o ideal é não resistir.
Vem, deixa ir embora o medo.
O que era pra ser o desejo
já virou a resposta.
Já acabaram as apostas,
o resultado está na mesa.
Na hora que estourar a represa
o que afunda fica, o que flutua vai
e o que nada contra a força,
o que luta contra a corrente
é esse que vem.
Logo, logo.
me carrega no colo.
Me retira do solo,
me levanta, me joga pro alto.
Vem, chega mais.
Os que vieram antes
já ficaram pra trás.
Me retira do ontem,
me adianta, me arranca do chão.
Vem, fica um pouco.
Segura meu corpo
pra ver se ele fica de pé.
Pelo menos um louco
ajudando o outro
pra ver se dá pra manter a fé.
Vem, mas vai logo após.
O ímã do solo me afasta de nós.
Estou grudado à gravidade.
E quando chega a idade
o ideal é não resistir.
Vem, deixa ir embora o medo.
O que era pra ser o desejo
já virou a resposta.
Já acabaram as apostas,
o resultado está na mesa.
Na hora que estourar a represa
o que afunda fica, o que flutua vai
e o que nada contra a força,
o que luta contra a corrente
é esse que vem.
Logo, logo.
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segunda-feira, 7 de abril de 2014
Semente da discórdia
Como se grita socorro na terra dos surdos?
Como se faz milagre onde não se tem fé?
Quem acude o faminto onde não se tem pão?
Quem abraça o outro quando não sabe quem se é?
É a terra dos perdidos, dos dispersos,
dos abatidos.
É o mar de distâncias, de percalços,
de suicídios.
É o céu de pecados, de desgostos,
dos desvalidos.
É o fogo que queima, que corrói,
que faz sentido.
Como se grita socorro na terra dos surdos?
As orelhas queimadas, os olhos afogados,
a língua corroída, o abraço desconhecido.
É a árvore dos solitários. O fruto cai.
A folha seca. A flor não cheira.
A raiz, só, aprofunda. Aprofunda.
Afunda.
Como se faz milagre onde não se tem fé?
Quem acude o faminto onde não se tem pão?
Quem abraça o outro quando não sabe quem se é?
É a terra dos perdidos, dos dispersos,
dos abatidos.
É o mar de distâncias, de percalços,
de suicídios.
É o céu de pecados, de desgostos,
dos desvalidos.
É o fogo que queima, que corrói,
que faz sentido.
Como se grita socorro na terra dos surdos?
As orelhas queimadas, os olhos afogados,
a língua corroída, o abraço desconhecido.
É a árvore dos solitários. O fruto cai.
A folha seca. A flor não cheira.
A raiz, só, aprofunda. Aprofunda.
Afunda.
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O doutor que me deixou perplexa
Atravessei a rua perplexa.
Era ele. Eu vi.
Passou do meu lado. Não me viu.
Era ele.
Há duas semanas eu tive um troço,
um negócio esquisito, fiquei abatida...
Fui pro pronto socorro - pensei,
com sorte eu morro e acaba o meu sofrer.
Mais que a dor de barriga
doía a dor de estar viva e não ter porquê viver.
Pois bem, lá estava eu, deitada na maca,
em meio a "ais", "uis" e "me salva jesus",
quando ele apareceu. Sim, o moço faixa de pedestres,
uma visão, um oásis, um desses que a gente vê e fica...
perplexa.
Na sorte (ou azar) ele veio me atender.
E que sorte (ou azar) eu estou solteira.
Ai, que tola, com aquela cara de caveira...
como ia fazê-lo olhar pra mim como mais que uma mera paciente?
Paciência. Vai que acontece?
Quem dera... Fui atendida, medicada e dispensada.
Pelo médico e pelo hospital. Mas tudo bem,
ser dispensada é o meu usual.
Mas era ele. Atravessando a mesma rua que eu.
Quisera ele tivesse me visto. Quisera ele tivesse olhado.
Eu parei e admirei aquele deus seguindo seu caminho,
enquanto eu ficava ali embasbacada.
Eu sentia uma luz, um som.
Pois é, fui atropelada.
E ele voltou correndo, me socorreu, me acudiu.
Chamou a ambulância, e eu na ânsia de dizer, de falar...
ele sorriu, e disse "calma".
Foi o que bastou. Lá se foi a minha alma, desconexa do meu corpo.
Morri perplexa nos braços do doutor.
Era ele. Eu vi.
Passou do meu lado. Não me viu.
Era ele.
Há duas semanas eu tive um troço,
um negócio esquisito, fiquei abatida...
Fui pro pronto socorro - pensei,
com sorte eu morro e acaba o meu sofrer.
Mais que a dor de barriga
doía a dor de estar viva e não ter porquê viver.
Pois bem, lá estava eu, deitada na maca,
em meio a "ais", "uis" e "me salva jesus",
quando ele apareceu. Sim, o moço faixa de pedestres,
uma visão, um oásis, um desses que a gente vê e fica...
perplexa.
Na sorte (ou azar) ele veio me atender.
E que sorte (ou azar) eu estou solteira.
Ai, que tola, com aquela cara de caveira...
como ia fazê-lo olhar pra mim como mais que uma mera paciente?
Paciência. Vai que acontece?
Quem dera... Fui atendida, medicada e dispensada.
Pelo médico e pelo hospital. Mas tudo bem,
ser dispensada é o meu usual.
Mas era ele. Atravessando a mesma rua que eu.
Quisera ele tivesse me visto. Quisera ele tivesse olhado.
Eu parei e admirei aquele deus seguindo seu caminho,
enquanto eu ficava ali embasbacada.
Eu sentia uma luz, um som.
Pois é, fui atropelada.
E ele voltou correndo, me socorreu, me acudiu.
Chamou a ambulância, e eu na ânsia de dizer, de falar...
ele sorriu, e disse "calma".
Foi o que bastou. Lá se foi a minha alma, desconexa do meu corpo.
Morri perplexa nos braços do doutor.
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terça-feira, 28 de janeiro de 2014
O corpo da minha mulher
O corpo da minha mulher tem caminhos.
Tem rotas, tem fugas, tem esconderijos.
O corpo da minha mulher é abrigo,
é escolta, é escudo, é uma lança.
O corpo da minha mulher é gruta,
é caverna, é escola, é prisão.
É lar.
O corpo da minha mulher tem formas.
Tem marcas, tem resquícios.
Tem linhas, tem curvas, tem cantos.
O corpo da minha mulher tem encantos,
tem encontros, tem espaços.
Tem inchaços, tem relevo.
O corpo da minha mulher tem cor,
tem manchas, tem texturas.
O corpo da minha mulher tem de tudo.
O corpo da minha mulher tem tantos,
tem muitos, tem vários.
De tudo o que tem e o que falta
o corpo da minha mulher não possui defeitos.
Entre defesas, ataques e efeitos,
o corpo da minha mulher tem o que em outros corpos nunca vi.
O corpo da minha mulher não tem poucas coisas.
Não tem donos, não tem trancas, não tem atalhos.
O corpo da minha mulher não é meu.
Eu sou nela.
O corpo da minha mulher tem eu.
Tem rotas, tem fugas, tem esconderijos.
O corpo da minha mulher é abrigo,
é escolta, é escudo, é uma lança.
O corpo da minha mulher é gruta,
é caverna, é escola, é prisão.
É lar.
O corpo da minha mulher tem formas.
Tem marcas, tem resquícios.
Tem linhas, tem curvas, tem cantos.
O corpo da minha mulher tem encantos,
tem encontros, tem espaços.
Tem inchaços, tem relevo.
O corpo da minha mulher tem cor,
tem manchas, tem texturas.
O corpo da minha mulher tem de tudo.
O corpo da minha mulher tem tantos,
tem muitos, tem vários.
De tudo o que tem e o que falta
o corpo da minha mulher não possui defeitos.
Entre defesas, ataques e efeitos,
o corpo da minha mulher tem o que em outros corpos nunca vi.
O corpo da minha mulher não tem poucas coisas.
Não tem donos, não tem trancas, não tem atalhos.
O corpo da minha mulher não é meu.
Eu sou nela.
O corpo da minha mulher tem eu.
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Esperando acordado
Vou dormir e esperar o sonho.
Realidade é verbo.
Sonho é número.
Vou dormir e esperar fevereiro.
Acordado todo dia é quarta-feira.
Todo dia eu sou cinzas.
Vou dormir e esperar sua chegada.
Sozinho eu não vejo.
Desperto em teu beijo.
Vou dormir e esperar que acorde.
Eu falo dormindo.
Eu acordo mudo.
Vou dormir e esperar um acorde.
Eu canto dormindo.
Eu acordo e mudo.
Realidade é verbo.
Sonho é número.
Vou dormir e esperar fevereiro.
Acordado todo dia é quarta-feira.
Todo dia eu sou cinzas.
Vou dormir e esperar sua chegada.
Sozinho eu não vejo.
Desperto em teu beijo.
Vou dormir e esperar que acorde.
Eu falo dormindo.
Eu acordo mudo.
Vou dormir e esperar um acorde.
Eu canto dormindo.
Eu acordo e mudo.
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