Quando chego em casa, de madrugada, abro a porta e as lágrimas caem. Parece que passo por um portal que me leva de uma dimensão à outra. Não sei dizer se é melhor a rua. Mas minha morada me prende e me liberta. Meu corpo é minha própria jaula e meu único bem. Minha chave e fechadura. Mas para que lado gira a chave para abrir a porta?
Nos meus cômodos inquietos, o chão molhado de angústias, vejo vestígios do que passou por ali: cacos de uma fotografia distorcida pelas olhos marejados; sons distorcidos pela voz embargada. Esses destroços espalhados pelo chão são o espelho de minha morada. Estou em pedaços. E se tento reuni-los percebo que não é tarefa equivalente ao jogo de quebra-cabeças. Minhas peças são disformes e não se encaixam. Não sei já se encaixaram ou se ainda se encaixarão (talvez nem dentro do caixão).
Inteiras são as minhas dúvidas, por isso vago noite adentro. E quanto volto para casa, percebo que permaneço na rua, ou melhor, me perdi num beco sem saída. É nas noites adentro que tento entender o se passa dentro de mim. É nas noites afora que me perco mais e volto para fora de onde nunca pisei.
2 comentários:
Muito bom, Juuunior!! Vira e mexe venho aqui e leio seus textos! Esse, particularmente, gostei demais! Parabéns pelos seus escritos! Teu potencial é enorme, vai longe... :) Bjo!
a noite, egoismo de "se" pertencer ao seu corpo, éeee... Coisas tão humanas, tão divinamente humanas...
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