segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E não volte nunca mais

Vá, mas não demore.

Ah, como dói ver-te partir.
É só fechares a porta e a partir
desse momento não há como apartar
esse meu coração partido
que anseia que estejas por perto.

Pobre coração despedaçado.
Partido é porque foi a sua procura.
Me largou, coração injusto,
que não quer mais o seu dono
e sim a companhia da sua existência.

E eu, sem meu coração,
o quero e quero também a sua permanência.
Somes na primeira esquina e esperar que reapareça é crer na esperança.
Como posso assegurar-me de que estás bem e saudável se não posso te ver,
se não posso te tocar e sentir sua respiração e seu rubor?
Como podes assegurar-te de que estou bem e saudável se levaste contigo a minha paz?
Se meu corpo treme de frio no mais quente verão?
Se minh'alma arde em febre no mais gélido inverno?
Se meu sorriso se desfaz e toca o chão como folhas secas estando nós na viva primavera?
Se minha pele está pálida e esbranquiçada enquanto o outono pinta o horizonte de vermelho?

Não posso suportar a dor de um corpo sem coração.
Para sentir-me preenchido preciso estar ao teu lado.
Volta? Volta logo?
Faz a volta no fim da rua e reaparece aqui na esquina?
Me desperta? Me acorda com um beijo e diz que você nem havia saído da cama?

Se há o que partir, parta a minha dor.
Se há porquê partir, parta para dentro de mim.
E não volte nunca mais
para longe e fora da minha pele.

2 comentários:

Lorena de Assis disse...

ah... chorei

vale a pena disse...

É um tema já repetido nas suas poesias. Parece que esta emoção de ababdono ou de quem parte te causa algum espanto ou medo. Ou então é manha mesmo de poeta que gosta de chorar e fazer beicinho toda hora.