sábado, 28 de novembro de 2009

Pluma, ninfa, bruma

Deitado vejo
a cortina da minha janela dançar.
O vento é o seu parceiro.
Nesta dança,
o vento faz a cortina revelar a janela.
Como num passo da coreografia -
em que, por acidente, o vestido da menina levanta
e desnuda suas intimidades - no esvoaçar na janela
meus desejos ficam nus.

Com a janela aberta e quase adormecido,
já estou sonhando.
Queria vê-la nua,
assim como o meu desejo.
Nua porque és o que desejo.
E virias com os cabelos dançando com o vento.
E virias lentamente, não como uma pluma,
mas como uma ninfa.
Ou como a bruma,
tão livre dos pecados que já não possui formas para se prender.
No meu sonho, doce em neblina,
dormiríamos juntos - abraçados
e de olhos abertos -
até a última gota de suor morrer cansada em nossos corpos.
Aí sim cerramos os olhos,
e ofegantes ainda,
deitamos e nos vemos.

Olho a janela e é você.
Lá vai você
embora com o vento.
Aumenta o calor no quarto,
a saudade no peito,
o peso nos olhos.

Durmo.
Sonho que estava deitado,
a cortina cai da janela,
mas não vai ao chão.
A cortina cobre um corpo lindo
- ora, é o seu corpo -
e deitas ao meu lado e
me cansas até o eu dormir
no sonho.

E dentro do sonho eu
sonho de novo,
e de novo,
e de novo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Despertar da Primavera

E o corpo mostrou o que já sabia.
O corpo escondia o segredo,
meu corpo escondia.
Agora revelou-me coisas que eu não sentia,
que já sentia,
mas não sabia.

O que corre em meu corpo não é mais só sangue nas veias.
o que corre em meu corpo
ocorre quando estás por perto,
mesmo que o perto seja só
perto do meu pensamento.

O meu corpo mostrou o que já sabia.
O meu corpo despertou o que em mim adormecia.
A natureza, viva e esperta,
ativa e, agora, desperta,
faz crescer em mim um grito
que não é som,
mas sim movimento.
Se estou vestido é para cobrir este movimento vertical
e nada silencioso.
Esse grito do meu corpo
que busca não o céu,
mas sim um refúgio.
Um refúgio, mas não para calar-se.
Um refúgio para ecoar-se.

Meu corpo agora sem vestes ou segredos
quer gemer e soluçar a libertação dos seus medos.
Meu corpo agora sem pudores ou vergonhas
que vestir-se somente com o seu suor.

Meu corpo quer esse canto explosivo.
Meu corpo quer dançar a dança original
na coreografia germinada da semente da maçã.

Quero morder o teu pecado
e beber o sumo do teu sacrilégio.
Vem comigo calar o Deus
que quer punir o desejo.
Vem comigo calar o homem
que quer calar o meu corpo,
o teu corpo
e outros corpos cansados de laços e botões.

Canta e entoa.
Grita e ecoa.
Faz barulho,
cria o som, a música
e o movimento
da melodia do prazer.
Quero viver o infinito desta canção da carne.

Faz calor entre os nossos umbigos e,
fora eles, quem sou eu
se não o teu próprio corpo?
Quem poderá dizer das quatro mãos que correm este novo ser,
uno e indivisível,
uno e inseparável,
uno e inevitável,
quem poderá dizer das quatro mãos qual o par
que a cada um pertence?
Nossas mãos colhem,
nos calos do segredo exposto,
as flores plantadas no Jardim do Éden.

Não importa o tempo.
Não importam as estações.
Sou imortal na primavera
do instante do grito de amor.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Toques

Carinhosa comigo.
É assim que se mostra a mão da mulher ao primeiro toque meu.

Temerosa comigo.
É assim que se mostra a figura da mulher ao segundo toque meu.

Ansiosa comigo.
É assim que se mostra a boca da mulher ao terceiro toque meu.

Enroscada comigo.
É assim que se mostra a perna da mulher ao quarto toque meu.

Preenchida comigo.
É assim que se mostra a vagina da mulher ao quinto toque meu.

Suada comigo.
É assim que se mostra a pele da mulher ao sexto toque meu.

Seis toques meus e a mulher foi minha naquele momento.
Então ela me beija e me fala coisas ao pé do ouvido.
Seu primeiro toque já me faz ninguém.
Seis toques para dominar aquela mulher por um tempo,
um beijo e sua palavra para me dominar para sempre.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Novo trailer! De quê? De NINE!!!!!!!!

Mais e mais ... Nine não acaba jamais!

Sabe as músicas Cinema Italiano e Take it All????????
As que eu pus pra baixar duas postagens abaixo?

Então ... ouças-as aqui!!!


E não volte nunca mais

Vá, mas não demore.

Ah, como dói ver-te partir.
É só fechares a porta e a partir
desse momento não há como apartar
esse meu coração partido
que anseia que estejas por perto.

Pobre coração despedaçado.
Partido é porque foi a sua procura.
Me largou, coração injusto,
que não quer mais o seu dono
e sim a companhia da sua existência.

E eu, sem meu coração,
o quero e quero também a sua permanência.
Somes na primeira esquina e esperar que reapareça é crer na esperança.
Como posso assegurar-me de que estás bem e saudável se não posso te ver,
se não posso te tocar e sentir sua respiração e seu rubor?
Como podes assegurar-te de que estou bem e saudável se levaste contigo a minha paz?
Se meu corpo treme de frio no mais quente verão?
Se minh'alma arde em febre no mais gélido inverno?
Se meu sorriso se desfaz e toca o chão como folhas secas estando nós na viva primavera?
Se minha pele está pálida e esbranquiçada enquanto o outono pinta o horizonte de vermelho?

Não posso suportar a dor de um corpo sem coração.
Para sentir-me preenchido preciso estar ao teu lado.
Volta? Volta logo?
Faz a volta no fim da rua e reaparece aqui na esquina?
Me desperta? Me acorda com um beijo e diz que você nem havia saído da cama?

Se há o que partir, parta a minha dor.
Se há porquê partir, parta para dentro de mim.
E não volte nunca mais
para longe e fora da minha pele.

Fortaleza

Tento ser forte,
mas o máximo que consigo é aparentar.
Minha fortaleza é feita de areia de praia.
Da mais fina areia de praia.
Daquela que, mesmo banhada pelo mar ou moldada por mãos artesãs,
não firma formas e a primeira rajada de vento faz fortaleza virar pó.

Se minha fortaleza é feita de grãos de areia,
se os meus alicerces não tem o que os sustente,
trate com cuidado a princesa na minha torre.
Não pela princesa, ou pela torre,
mas tome cuidado pela fortaleza.
Se a fortaleza vira pó,
se a fortaleza ruir e cair,
não há mais como proteger a torre e a princesa que lá reside.

Sim, "que lá reside".
Esta princesa não é prisioneira.
A torre é a sua morada por opção.
É na torre mais alta da fortaleza onde ela se guarda para aquele que tem a chave.
A chave mestra.
Mas, não basta ter a chave.
Para chegar até a princesa
tem-se que saber pisar com cautela
pois a fortaleza é feita de areia de praia,
lembra?
E qualquer rajada de vento faz fortaleza virar pó.

domingo, 15 de novembro de 2009

Ainda mais de NINE!


Gente! A cada dia mais taquicardia! rs

Vazaram quatro faixas do cd com a trilha sonora de NINE (cd este que só vai sair no dia 22 de dezembro). Baixe-as clicando no nome da música!

Be Italian (Stacy Ferguson, a Fergie dos BlackEyed Peas)

Cinema Italiano (Kate Hudson)

Take it All (Marion Cotillard)

Unusual Way (Griffith Frank - essa música no filme é cantada pela Nicole Kidman - esta é uma faixa bônus do cd)

Estou enlouquecendo com as músicas! Be Italian é legal ... mas já está meio batida. É o tipo de música que agora só vai impressionar no cinema mesmo!
Agora ... Cinema Italiano não sai da minha cabeça! Kate Hudson está dando show!
Take it All acaba com a minha vida. O que é Marion Cotillard???
E Unusual Way está linda na voz desse cantor. Mas isso só faz minha angústia por ouvir Nicole Kidman aumentar!
Enfim ... CHEGA LOGO 15 DE JANEIRO!

sábado, 14 de novembro de 2009

Mais de NINE

Gente ... a cada dia que passa eu fico mais louco!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Agora temos dois pedacinhos do filme! As canções "Cinema Italiano" (composta especialmente para o filme) e "A Call from Vatican".



quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Como são belas as mulheres pegando chuva

Como são belas as mulheres pegando chuva!
Os cabelos molhados fazem cascatas descerem os seus ombros;
a água corre o colo e os seios, pela arrogância da juventude,
emergem na blusa que, colada no corpo,
faz aparente as curvas do teu corpo.
A calça, pesada, encharcada da chuva,
faz teus passos, antes leves,
parecerem uma marcha - mas
sem nunca perder a ternura.
É claro! És mulher mesmo debaixo de chuva, vendaval,
inundação ou maremoto.
Se a maquiagem é à prova d'água
nada impede a mulher de sair à rua,
debaixo da chuva e mostrar-se bela,
arrogante na sua juventude,
imponente nos seios molhados e aparentes,
bela, úmida e irresistível.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tudo Pode Dar Certo


Acabei de assistir ao novo filme de Woody Allen! Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, no original, EUA-2009) pode ser considerado um retorno. Um retorno a Nova York, um retorno às neuras e hipocondrices, um retorno ao humor rápido e ácido que só Woody sabe fazer e mesclar toda essa sua insanidade deliciosa com pensamentos profundos e citações filosóficas. Logo de cara, Boris Yellnikoff (Larry David, maravilhoso na persona Woodynesca) já esbanja seu jeito de ser e de pensar e revela a característica narrativa do filme: um bate-papo direto entre o personagem central e o público do cinema. Seria este mais um retorno? Uma auto-citação por A Rosa Púrpura do Cairo?

No desenrolar da história, vemos Boris conhecer Melody (Evan Rachel Wood): uma sulista que chega a Nova York em busca de uma nova vida. Os dois iniciam uma relação que o próprio Boris jamais poderia prever. A chegada inesperada de Marietta (Patricia Clarkson, adoravelmente perfeita no papel), mãe de Melody, faz a vida de todos irem mudando aos poucos (inclusive a dela mesma).

Um filme que nos leva pelas voltas que a vida dá, seja pela sorte ou acaso, seja pelas decisões tomadas e suas consequências, este novo trabalho de Woody Allen é um brinde à mudança, mesmo que você nunca deixe de ser o mesmo. Um espelho (talvez) do próprio Woody: que muda sempre (o camaleão de Zelig) a cada filme (vide seus últimos trabalhos) mas não deixa de ser o neurótico mais genial que o cinema encontrou.


Só pra citar a trilha sonora (como sempre maravilhosa), o filme abre com Grouxo Marx (presença constante no filmes de Woody Allen) e tem ainda uma música que também está presente na trilha de A Era do Rádio (Radio Days).

domingo, 8 de novembro de 2009

Ser

Será que este é mesmo o teu nome
ou será um hino,
um mantra ou
um canto de despetar feras
e adormecer deuses?

Será que este é mesmo o teu corpo
ou será um templo,
um esconderijo ou
uma morada para seres mágicos
e criaturas desconhecidas?

Serei eu mesmo o teu escolhido
ou serei um jogo,
um brinquedo ou
mais um, descartável na tua coleção de amores?

Seríamos nós felizes
ou somos apenas uma ilusão,
uma fantasia ou
uma espeança de eternidade
no efêmero calor da paixão?

Será?
Seria?
Seremos?
Porque não apenas sejamos?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Allan Stewart Königsberg



Imperdível, não é? O CCBB - RJ faz uma mostra especialíssima com títulos de rara disponibilidade em nosso país. É o cinema único de Woody Allen. Serão filmes do cineasta mas a mostra contará também com películas em que ele participou apenas como ator como "Testa de Ferro por Acaso".

A programação você confere no seguinte site: http://www.woodyallen.com.br/.

Veja abaixo Woody cantando em seu filme "Todos dizem 'Eu te Amo'":


Mais do Mr. Allen! Uma homenagem aos seus filmes dos anos 70':


Agora VAI SE ARRUMAR E VAMOS LOGO PRO CCBB!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amor de primavera

Nos conhecemos em setembro.
Outubro passou - um mês desses em que não vemos.
Mais um mês ... Te reencontro em novembro.
Então chega dezembro e você vai me esquecendo.
Parece que já não lembro
o porque da paixão.
Quando janeiro vem, já não mais
nos reconhecemos.
Não faz mal,
é o nosso amor de primavera ...
agora, só no próximo
setembro.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Selo

Ganhei o meu primeiro selo!!! Mas, tenho regras a seguir: devo indicar mais cinco blogs a tal prestígio para me fazer digno de tal condecoração.
Então aqui vão os meus indicados, e queridos blogs:

Careta VC

Espero que vocês gostem assim como eu gostei!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Por aquilo que não vejo

Não é pela cor dos teus olhos,
ou pelo toque dos teus lábios,
ou por tuas pernas, seios
ou ombros.

Eu te amo por aquilo que não vejo,
por aquilo que não posso tocar com as mãos,
mas que me esbarra a alma.

Talvez sejamos parecidos,
talvez sejamos estranhos.
Quem poderia prever que nossas vidas se uniriam?
Mas, bastou o encontro de nossas almas,
esse leve esbarrão,
e nossos olhos também se esbarraram,
nossas mãos também se esbarraram
e enfim nossos lábios também se esbarraram.

Assim,
ainda não posso dizer que te conheço profundamente,
descrever-te seria trabalho mal-feito,
mas se quiser fazer perguntas
faça à minha alma
e ela te dirá dos teus olhos, dos teus ombros
e seios
e dirá mais ainda sobre a tua alma
e sobre a minha;
elas que se esbarram antes de nós,
na via movimentada e turbulenta das nossas existências,
se conhecem melhor do que qualquer casal longevo,
melhor do que nós mesmos,
e se amaram antes de qualquer futuro.
Parei no presente perpétuo do encontro de nossas almas:
esbarrão de leve,
fusão profunda.