Hoje, ao acordar,
te perguntei se ainda me amas.
Teu silêncio foi fatal.
Tuas pálpebras se quer se moveram,
não vi hesitação em teu olhar.
A frieza do teu silêncio congelou minhas fantasias.
Meus sonhos caíram cobertos de neve no tapete
e rolaram para cima do chão gelado.
Esqueci de acender a lareira esta noite.
Tentei penetrar-te com o meu olhar.
Minha dor era agora minha arma
e eu quis te ferir.
Perguntei se me amas
e nada disseste.
Teu corpo não se enroscou no meu
e nem tremeu de cólera.
Teu silêncio foi fatal.
Te fitava na esperança de uma reação.
Acordei pra quê?
Fui despertado mas não acordei do pesadelo.
Me amas ou não?
Vai me expulsar da tua cama
ou me puxar pra dentro dos teus seios?
De repente, rompes o silêncio.
Você se levanta e vai direto pro banheiro.
Será que achou minha inanição fruto do desespero
ou já me fez passado na tua história?
Quando saíste, veio em minha direção,
olhou fundo nos meus olhos - vasculhando-me e encontrando um eu
que eu mesmo desconheço - e me perguntou:
- Ainda me amas?
Após o nosso beijo,
durante nosso amor nos lençóis,
banhados pelo sol de primavera,
pensei comigo e decidi:
nunca mais te faço perguntas
enquanto dormes.
2 comentários:
Pelo visto, tua amada é parente do Garfield:"Só fale comigo depois do segundo café." Linda a poesia. Como você sabe bem amarrar sentimentos em palavras e como transfere as emções para o enredo-fantasia. Lindo!
Leda, querida!
Às vezes não dá tempo de tomar café nem de escovar os dentes.
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