Virou-se pra mim e disse:
- Quer com açúcar, amor?
Já não podia mais dizer que éramos felizes. Pelo menos eu não era - ou não sou (?).
Lá se vão 27 anos de casamento. O amor virou um bom dia na hora do café. A paixão virou a obrigação marital. Nossos beijos perderam a beleza e hoje recebem o mesmo lustra-móveis que a mesa de centro da nossa sala idealizada. Como conseguimos nos tornar dois seres que convivem - só convivem? Como viramos isso? Como deixamos de ser aquilo?
O tango que doutrora dançamos virou um bolero arrastado.
Os passeios viraram exposição pública.
O casamento se revelou instituição.
Virou-se pra mim e disse:
-Amor! Vai querer com açúcar ou não?
Não sei se foram os anos juntos... A aproximação excessiva...
O contato diário fez-me perceber-te comum. Fez-me perceber-me ordinário.
Virou-se pra mim e disse:
- Daqui a pouco eu termino o café e você ainda não disse se quer açúcar ou não.
Fiz que sim com a cabeça.
O que viramos? Procuro tantas respostas. Será que elas não existem? Ou estariam aí as respostas, e nossas perguntas é que estão mal feitas?
Desde que nos casamos viríamos a descobrir muitas coisas. A aprender muitas coisas juntos.
Viramos mais companheiros, mais compreensivos. Em 10 anos de casamento éramos mais maduros, viramos mais amigos. Aos 20 anos tivemos um affair com a nostalgia e rememoramos nossa paixão adolescente. O fogo perdido voltou e viramos namorados, como antigamente.
Virou-se pra mim e disse:
- Quanto de açúcar, amor?
Enfim, virei e disse:
- O de sempre, querida. O de sempre.
- Quer com açúcar, amor?
Já não podia mais dizer que éramos felizes. Pelo menos eu não era - ou não sou (?).
Lá se vão 27 anos de casamento. O amor virou um bom dia na hora do café. A paixão virou a obrigação marital. Nossos beijos perderam a beleza e hoje recebem o mesmo lustra-móveis que a mesa de centro da nossa sala idealizada. Como conseguimos nos tornar dois seres que convivem - só convivem? Como viramos isso? Como deixamos de ser aquilo?
O tango que doutrora dançamos virou um bolero arrastado.
Os passeios viraram exposição pública.
O casamento se revelou instituição.
Virou-se pra mim e disse:
-Amor! Vai querer com açúcar ou não?
Não sei se foram os anos juntos... A aproximação excessiva...
O contato diário fez-me perceber-te comum. Fez-me perceber-me ordinário.
Virou-se pra mim e disse:
- Daqui a pouco eu termino o café e você ainda não disse se quer açúcar ou não.
Fiz que sim com a cabeça.
O que viramos? Procuro tantas respostas. Será que elas não existem? Ou estariam aí as respostas, e nossas perguntas é que estão mal feitas?
Desde que nos casamos viríamos a descobrir muitas coisas. A aprender muitas coisas juntos.
Viramos mais companheiros, mais compreensivos. Em 10 anos de casamento éramos mais maduros, viramos mais amigos. Aos 20 anos tivemos um affair com a nostalgia e rememoramos nossa paixão adolescente. O fogo perdido voltou e viramos namorados, como antigamente.
Virou-se pra mim e disse:
- Quanto de açúcar, amor?
Enfim, virei e disse:
- O de sempre, querida. O de sempre.
Ella Fitzgerald - Miss Otis Regrets (Cole Porter)
4 comentários:
George: Eu não sei mais o que falar para você...Este conto está maravilhoso! Quem sabe vc sempre foi escritor e escondeu isso de mim? Agora, vai ser necessário reunir todos para publicar.
Que orgulho eu temho de você!
Cara um de seus melhores post's,linda historia,conseguir imaginar tudo.
Parabéns,vc tem talento garoto.
Um Abraço!
A Abordagem do texto está maravilhosa mesmo! Me impressionou...O Conto é bacana demais e você tem um grande talento // Parabéns e obrigado por passar lá no Veritas
Forte abraço e até mais :D
*boceja*
Ele não acredita, gente... Quando eu vi que tinha post novo, ele disse "ih, nem lê, ficou uma porcaria".
Quando eu abro a página, essa coisa linda.
O maior defeito dele e não acreditar no próprio talento. Essa insegurança boba que eu vivo dizendo ser sem motivo...
><
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