Palavras distantes da frase que pulsa
Versos dissonantes que a melodia expulsa
Ritmo inconstante da batida que é repulsa
Poeta farsante escreve cartas avulsas
O caos entre os dedos, entre os dentes
entre os olhos, entre a gente
O caos que inspira o poeta a ser retilíneo
A construir estruturas
A romper consigo
E ele rompe e constrói
E se perde em Niterói como se não soubesse as ruas
Mas ele sabe
Mas se perde ainda assim
O fim do desconhecido é uma parede chamada lembrança
E o poeta tem muitas paredes
E quanto mais foge das redes
Mais é isca, menos é mar
Poeta emparedado de anzóis
Morrer de fome na imensidão?
Alimentar-se e saciado morrer para saciar quem tem fome na terra firme?
Poeta não é peixe, não é mar, não é vara
Poeta é uma lacuna que não sei preencher com um nome
Poeta é um homem que se prepara
e dá de cara com a folha em branco.
Sobre ela se debruça
E veste a carapuça que a inspiração lhe apresenta
Finda a folha com um ponto
De pronto ele se isenta do que escreveu
Fim da poesia. Fim do adeus.
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