segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mar e poça

Era uma vez um rapaz e uma moça.
Cada qual tinha um mar,
cada qual tinha uma poça.

O mar tinha suas mil infinitudes,
era amplo e profundo e quase grande como o mundo.

A poça não tinha nada.
Só um palmo de água e suas decrepitudes.

Não sei se por medos das ondas
ou pavor das correntezas
os dois tinham medo do mar
e não viam as suas belezas.

E achavam que a poça era segura
pois dava pé e estava à mão.

Ora, mas que situação!
Com tanta água pra rolar
consideram a que está em inanição?

Pobre rapaz, pobre moça ...
Ao invés de se aventurar no mar,
acabaram se afogando na poça.

Um comentário:

Yke Leon disse...

Estou na embarcação e as águas parecem sinuosas agora. Um outro barco chegou sorrateiro, emparelhou com o meu e, de repente, uma voz doce vem do fundo do convés e diz: "- Eu posso ficar aqui até a chuva passar?". Dois barcos colados e as ondas esgarçando as cordas que insistiam em prendê-los.
Eu estava seguindo rumo ao Leste e, passado o turbilhão da nuvem e dos raios, seguiria viagem. A outra embarcação não tinha destino traçado, estava ao léu e, por isso, cortei a rota sem traço perguntando se ela queria, quem sabe, me acompanhar.
Agora é noite, as ondas não parecem mais tão ameaçadoras, mas a neblina obnubila até a mão que ponho adiante. Será que amanhã de manhã, quando a chuva, o raio, a neblina, a onda e o vento passar, este barco sem nome e sem destino ainda estará me acompanhando?