Estou de frente para a vida.
A visão me assusta.
Não sei dar os passos que me levam ao futuro.
Mas mesmo parado o tempo passa.
O futuro me arrasta, não tive opção.
O tempo não espera que eu tire os pés do chão.
E o passado é uma avalanche que vem atrás de mim.
Posso ser sufocado pelas pedras que não se cansam em me ameaçar.
As pedras atingem. As cicatrizes não fecham.
Quero tanto correr, mas minhas pernas não se movem.
A inércia já é uma fuga.
Estou de frente para a vida.
Quando ela me dará as costas?
quinta-feira, 28 de junho de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Begônias do quintal
Muito ouço por aí que só se colhe o que se planta.
Esquecem que nem todo jardim se desencanta ao natural.
Mesmo semeando as mais belas flores ou frutos
é possível ver nascer dores e lutos nas begônias do quintal.
Erva-daninha brota sozinha por inveja do sol.
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segunda-feira, 11 de junho de 2012
Ela é atriz
Isso não se nega. Ela é atriz.
Quer interpretar alguém diferente de si.
Quem será essa personagem que não é ela,
mas que ela anseia em ser
no palco?
Ela espera a cortina abrir para poder sê-la
e fazer todas as coisas que a outra faz.
Dizer o que a outra diz,
chorar as suas lágrimas,
corar as suas vergonhas,
defender as suas brigadas.
Ela espera o foco de luz para fazer o monólogo
que traduz em palavras e gestos
tudo o que nela é som e fúria.
Ela espera a deixa para levantar a cabeça
e mantê-la erguida enquanto mira
os seus desejos e sonhos.
Ela termina, se inclina;
chora o fechar da cortina e
a chuva de aplausos que lavam
a pessoa que ela foi nesse breve espetáculo.
Quem será essa mulher que é ela,
mas que anseia em se esconder em outras
no palco?
Quer ser diferente de si.
Ela é atriz. Ela se nega.
Quer interpretar alguém diferente de si.
Quem será essa personagem que não é ela,
mas que ela anseia em ser
no palco?
Ela espera a cortina abrir para poder sê-la
e fazer todas as coisas que a outra faz.
Dizer o que a outra diz,
chorar as suas lágrimas,
corar as suas vergonhas,
defender as suas brigadas.
Ela espera o foco de luz para fazer o monólogo
que traduz em palavras e gestos
tudo o que nela é som e fúria.
Ela espera a deixa para levantar a cabeça
e mantê-la erguida enquanto mira
os seus desejos e sonhos.
Ela termina, se inclina;
chora o fechar da cortina e
a chuva de aplausos que lavam
a pessoa que ela foi nesse breve espetáculo.
Quem será essa mulher que é ela,
mas que anseia em se esconder em outras
no palco?
Quer ser diferente de si.
Ela é atriz. Ela se nega.
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terça-feira, 5 de junho de 2012
Poema que se come frio
Nem tudo o que reluz é ouro,
já diz o velho ditado.
Nem tudo se aguenta no couro,
digo eu, com o corpo cansado.
Meus dedos clicam nas teclas
extraindo a beleza que penso guardar.
De mim eu não sou um assecla.
Crio as promessas e o despistar.
Ainda me resta,
entre o nato e o aborto,
a vontade de ser em palavras,
de estar entre versos,
de viver nesse mundo complexo
onde o pecado não deprava.
Sem mais lágrimas ou horizontes,
quando eu fechar os olhos -
de frente pra morte ou da morte em diante -
não poderei mais sentir o mundo
e extraí-lo de mim como poesia.
Haverei de buscar novas formas
de transformar o que sou e o que vejo -
agora cego, talvez morto -
em texto, sangue ou desejo.
Quando eu fechar os olhos
e não ter mais movimento,
não será no berçário ou no velório
que expurgarão o meu sofrimento.
Minha maldição será meu legado,
enquanto lembrarem meu nome
viverás meu purgatório.
já diz o velho ditado.
Nem tudo se aguenta no couro,
digo eu, com o corpo cansado.
Meus dedos clicam nas teclas
extraindo a beleza que penso guardar.
De mim eu não sou um assecla.
Crio as promessas e o despistar.
Ainda me resta,
entre o nato e o aborto,
a vontade de ser em palavras,
de estar entre versos,
de viver nesse mundo complexo
onde o pecado não deprava.
Sem mais lágrimas ou horizontes,
quando eu fechar os olhos -
de frente pra morte ou da morte em diante -
não poderei mais sentir o mundo
e extraí-lo de mim como poesia.
Haverei de buscar novas formas
de transformar o que sou e o que vejo -
agora cego, talvez morto -
em texto, sangue ou desejo.
Quando eu fechar os olhos
e não ter mais movimento,
não será no berçário ou no velório
que expurgarão o meu sofrimento.
Minha maldição será meu legado,
enquanto lembrarem meu nome
viverás meu purgatório.
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sexta-feira, 1 de junho de 2012
Corro e corro e corro
Corro e corro e corro.
Fujo e corro e corro e corro.
Minhas pernas doem,
meus olhos choram,
eu peço socorro.
Já estou fora de rumo há tanto tempo que nem sei de onde eu vim.
Onde era a minha primeira morada?
Não tenho lembranças de qualquer segurança.
Não tenho memórias de nenhum abrigo.
E corro e corro e corro.
Passei ruas, cruzei esquinas,
nadei rios, segui correntezas,
subi morro. E corro e corro
e não morro.
Será que meu corpo não se cansa?
Será que minhas forças não se esgotam?
Quero descanso. Quero descanso.
Pois eu corro e corro e corro.
Corro de pés descalços.
Corro e não sei para onde.
Fujo e não de quem.
Não conheço os porquês desta jornada.
E a cada dúvida mais eu corro, mais eu fujo,
menos sei.
E eu corro e corro e corro.
Fujo e corro e corro e corro.
Minhas pernas doem,
meus olhos choram,
eu peço socorro.
Já estou fora de rumo há tanto tempo que nem sei de onde eu vim.
Onde era a minha primeira morada?
Não tenho lembranças de qualquer segurança.
Não tenho memórias de nenhum abrigo.
E corro e corro e corro.
Passei ruas, cruzei esquinas,
nadei rios, segui correntezas,
subi morro. E corro e corro
e não morro.
Será que meu corpo não se cansa?
Será que minhas forças não se esgotam?
Quero descanso. Quero descanso.
Pois eu corro e corro e corro.
Corro de pés descalços.
Corro e não sei para onde.
Fujo e não de quem.
Não conheço os porquês desta jornada.
E a cada dúvida mais eu corro, mais eu fujo,
menos sei.
E eu corro e corro e corro.
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