quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pálpebras perpétuas

Coitado!
Está apaixonado.
Está aprisionado nos olhos de uma mulher.
Vendado.
Quer tanto que nem sabe o quanto quer.
Vendido.
Está fora do mercado,
e é sempre consumido na hora que ela requer.
Sumido.
Agora chora escondido e não sabe mais quem é.
Perdido.
Espera encontrar-se nas vontades da Salomé.
Achado.
Três semanas depois.
Morreu afogado nas lágrimas que ela fez escorrer.
Velado.
Duas coroas de flores, um círculo de amigos e era hora de rezar.
Ido.
E mesmo morto jaz aqui aquela que o fez cair.
Bandida.
Roubou o coração de quem só quis sentir.
Partida.
Ela junta na mala o seu savoir-faire
Coitado!
Qual o próximo desavisado será prisioneiro nos olhos dessa mulher?

2 comentários:

Priscila Baima disse...

É desconfortante ler essa poesia de tão perfeita que tá. Parabéns.


A proposito, eu te sigo e leio muito seus textos.

Yke Leon disse...

Quem será eu não sei,
mas não estarei mais aqui para contar.
Que a mulher amaldiçoada,
Exorcize teu olhar,
E me deixe impenetrável
Ao seu dom de enfeitiçar.