Durma, enquanto domo teus entornos.
É duro o caminho à tua torre.
Tem floresta de cactos com seus espinhos afiados,
tem dragão, tem armadilha.
Alcanço, enfim, o teu portão
e subo a sem fim escadaria.
Lá estás, deitada, adormecida.
Tão bela!
E me aproximo e te dispo dos véus
e dos lençóis.
Acaricio a tua face
e beijo os teus lábios virgens.
Acordas pelo estupro da minha língua.
E pelo castigo da maldição, és destinada
a amar o teu salvador.
Sou teu príncipe encantado,
teu primeiro beijo,
teu último.
Acordas da prisão do sono
para viver com um único homem.
Jamais conhecerás a vida com os próprios pés.
Princesa adormecida,
tão bela, tão tola -
jamais acordarás.
Quando picaste o dedo na roca
forjaste em pedra o teu final.
É ser eternamente morta,
adormecida ou não.
Eternamente bela,
mas sem jamais conhecer a verdadeira
beleza da vida:
a liberdade.
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