Como me dói ver estes olhos,
tão belos, tão lindos,
perdidos e sem horizonte.
Ah, menino!
O que é que tua vista procura?
Uma moça? Um rumo?
Teus olhos, menino,
exumo-os das pálpebras caídas
e não há sinal da causa mortis.
Teus olhos, menino,
tão belos, tão lindos,
hão de ter no que fixar-se.
Teus olhos, menino,
perdidos,
irão um dia encontrar outros olhos onde reconhecer-se.
Serão olhos de moça;
ou os teus próprios olhos,
num reflexo da maturidade.
Mas, não perca teu olhar infantil,
tão doce como os teus olhos, menino.
Não perca.
Quero poder vê-lo novamente,
já crescido, homem feito,
e mergulhar na tua história
entre o piscar dos teus olhos, menino.
E lembrar de como era boa a nossa meninice.
Quero encontrá-lo
nos teu olhos, menino.