terça-feira, 15 de setembro de 2009

A filha de Pandora

Incendeia!
Abre a boca e diz que me quer.
Incendeia!
Abre a boca e me beija onde quiser!

Tuas palavras, teus toques,
combustível na minha carne inflamável,
flamejaram o meu ser fragilizado.

Nem adianta correr em direção aos primeiros socorros.
Faz-me rir - esse cuidado tu nunca tiveste.
Não se preocupou, nem no primeiro momento,
que o fogo que arte em ti pudesse me tomar por inteiro,
fazer borbulhar o meu sangue e
transformar em cinzas o meu juízo.

Teu destino era esse.
Pegar o meu pobre corpo e fazê-lo de pira.
Incendeia!
Taca fogo no que resta de mim!
Quero arder nas chamas do teu beijo,
nas labaredas do teu abraço,
no calor do teu sexo.

Incendeia!
Abre a boca e me chama pra dentro do teu vulcão.
Estou pronto para nadar na lava que dele jorrará.
Sacrifico-me ao teu poder, Deusa Pyrrha,
filha de Pandora;
pode me queimar.

Incendeia!
E se de mim algo sobrar,
se alguma parte de mim permanecer intacta,
sem queimaduras, sem lesões ou cicatrizes,
de nada terá valido tal aventura.
Mergulhei no teu fogo para sair marcado.

Incendeia!
Abre a boca e diz que me ama.
Incendeia!
Cala a boca e me leva pra cama.

Incendeia!
Incendeia!
Incendeia!
E deixa queimar ...

2 comentários:

vale a pena disse...

Você é muito melhor que muitos poetas de fama. Você sabe todo o risco do bordado e deve levar isso pra frente.
Muito bom!

Raquel Ramos disse...

Você é muito bom!