sábado, 19 de janeiro de 2013

Invasão de propriedade

Eu estava sozinho, calado,
protegido da fúria e do calor
que só o amor carrega.

Você veio e feito tributo
jogou o meu silencioso viver
às garras e presas de uma nova cor.

Minha vida tão bege já não é mais uniforme.
Possuo agora novos edros;
não caibo mais na velha casca.

Não pense em correr.
Você invadiu o meu tédio.
Já não há retorno para o velho eu.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Chegar no lugar que é lar

Corri, suei, cheguei.
Lutei contra o trânsito, contra o tempo,
contra os contratempos.
Cheguei.
E onde estás?
Deparo-me com as portas fechadas.
Trancadas.
Cadeados e alarmes.
Não me queres.

Vou.
Corro, suo, chego.
A casa não é mais a mesma.
Está aberto, escancarado,
sem cacos de vidro no muro.
Mas você não está aqui.

Corro, suo, fujo.
Não quero lugar que não seja lar.
Não quero ilha nem muralha.
Quero o metro quadrado que habitas.
E onde é isso?
Diz que eu vou correndo,
sem medo do suor,
sem olhar pras horas.
Diz que eu chego,
se é lá que você está.