quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Um novo colar

Esta necessita de uns colares.
O seu colo não sabe andar nu.
São tantos os seus penduricalhos,
o pescoço de madame não tem tabu.

Tem de todas as cores,
tem de todos os tipos,
tem de todos os tamanhos.
Madame não tem preconceito,
e carrega no peito cada troço mais estranho ...

Outro dia eu vi ela chegando,
e quando olhei, ai, eu quase desmaiei.
Não sei como pude ficar de pé
quando vi a fronte daquela mulher:

tinha ouro, tinha prata,
miniatura de mulata
e umas penas de sei lá que passarinho ...
e madame quando passa quer sorriso,
e quer agrado, e diz:
"Ah, mas está tão bonitinho!"

O que eu faço, ah, meu deus, com essa mulher?
Mais difícil que um cão largar um osso?
Qualquer dia verás, eu enlouqueço ...
Teu colar será minha mão no seu pescoço.

Boa noite

Olá.
Desculpa te acordar,
assim, tão sem aviso,
mas meu coração apressado, assim,
tão sem juízo,
já não pode esperar, não,
nem mais um segundo.

Estou muito atrasado
para dizer ao mundo
tudo aquilo o que fiz esconder.
Por isso estou afobado,
pra te fazer perceber
que se te acordo aos sussurros,
meu peito está aos murros
e minha cabeça só sabe girar.

Minha boca trêmula e covarde
trai a minha vergonha e cria coragem;
minha voz ergue a flâmula e faz o alarde
tão agora necessário.
Já não há mais pra onde desertar.
Sigo o itinerário para então revelar-te:
eu te amo -
e dizê-lo é o meu açoite.
Perdoe-me por acordar-te,
feche os olhos e boa noite.