A fome e a falta de amor;
Sensação e sentimento.
Como fugir de tais tormentos? - eis a questão!
Ambas arrebatam e,
de excesso, matam.
Causa nunca constante,
consequência devastante:
um vazio infinito
que em nada é bonito
pois o corpo fenece
a alma padece
e a carne, jazendo putrefata,
traz, na face estupefata,
o semblante faminto,
sedento, esperando o alimento
quer seja o pão, quer seja o carinho.
Ah, mas que destes males eu não morro.
Nem de fome ou falta de amor.
Destes dois tenho distância!
Por isso, quando a ti me dirijo
e digo, com sinceridade, o que digo a você,
não tome por maldade (o que é desejo)
a minha pura vontade de te comer.